22/09/2019 - 22:02
Além de colaborar com o discurso que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) planeja para a abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) esteve no Palácio do Alvorada na última quinta-feira, 19, para levar cobranças de produtores rurais ao governo.
Vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Luis Carlos Heinze (PP-RS) pediu a Bolsonaro mais agilidade para a publicação de medida provisória para criar o “Fundo de Aval Fraterno”. O Planalto não confirma, mas Heinze garante que Bolsonaro prometeu publicar a regra nos próximos dias.
A ideia é que produtores se organizem em grupos que farão aval cruzado, com depósitos de cotas no Fundo, o que serviria de garantia para acesso à linha de crédito do programa para Composição de Dívidas Rurais (BNDES Pro-CDD AGRO). A ação do banco de fomento foi lançada em 2018, mas produtores encontraram dificuldade para acessar o crédito por faltas de garantias aos agentes financeiros. Pelo programa, toda a dívida pode ser financiada, desde que o valor seja limitado a R$ 20 milhões por mutuário, com prazo de até 12 anos para pagamento.
Em outra ofensiva, o senador ruralista quer convencer o governo a usar recursos da poupança rural, com juros mais baixos, para renegociar dívidas de produtores de arroz do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que, segundo Heinze, chegam a R$ 5 bilhões. “Há meses que estamos com esse assunto. Tem prazo. Tem lavoura que começa a ser plantada em setembro, outubro. É preciso uma definição para tocar a lavoura para frente”, disse Heinze.
O senador afirma que o presidente teria prometido conversar com ministros. Produtores de arroz estiveram com Bolsonaro em julho, quando ouviram promessas do governo para enfrentamento das dívidas. Heinze afirma que, antes de se encontrar com Bolsonaro, fez périplo por Banco Central e ministérios da Agricultura e Economia atrás de respostas do governo.
Além das demandas de produtores, o senador foi enviado ao Alvorada pela bancada ruralista para aconselhar o presidente sobre o discurso que será lido na ONU. “Ele me perguntou umas coisas. Falei porque ele sabe que conheço do setor”, disse Heinze, sem detalhar o tom das sugestões feitas ao texto.
O jornal O Estado de S. Paulo publicou que Bolsonaro deve aproveitar o discurso para enviar “recados” à comunidade internacional. A previsão é de que Bolsonaro repita que o governo não tolera crimes ambientais, defenda a soberania no País e mostre dados para reforçar que as queimadas na Amazônia estão na média de anos anteriores. O discurso ainda deve sugerir que há “má vontade” de outros países com a sua gestão.