O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse nesta quinta-feira (21) que a Argentina está em default (inadimplente) há meses, portanto não mudará a situação nesta sexta, mesmo que não pague um vencimento de 500 milhões de dólares, em plena negociação para reestruturar sua dívida com credores privados.

“Li nos jornais que corremos o risco de cair na inadimplência amanhã (sexta-feira) e me perguntei por que eles mentem assim. Se estamos em default há meses, desde antes de dezembro estamos em default, só que não escrevem sobre isso, apenas escondem”, afirmou presidente.

Fernández assumiu a Presidência em 10 de dezembro no que ele mesmo descreveu como “um país em situação de inadimplência virtual”, com uma dívida total de 234 bilhões de dólares, quase 90% do Produto Interno Bruto.

Nesta sexta-feira chega ao fim o período de carência para a Argentina pagar vencimentos de juros sobre três títulos globais denominados sob lei estrangeira por 500 milhões de dólares. Se não pagar, sofrerá uma suspensão de pagamentos.

A Argentina procura reestruturar a dívida com credores privados sob a legislação estrangeira para cerca de 66 bilhões de dólares em negociações que também têm prazo até esta sexta-feira, mas é dado como certo que eles continuarão.

Fernández repetiu que quer pagar, mas que não há fundos, e pede um período de carência de três anos que lhe dará ar para reativar uma economia em recessão por dois anos e agora atingida pela quarentena pela COVID-19.

“O governo não assumirá nenhum compromisso com nossa dívida que adie o que todos os argentinos que estão trancados em suas casas estão esperando, que é sair, produzir e cultivar a Argentina”, declarou Fernández.

“Não vamos sujeitar a Argentina a novos compromissos que não podemos cumprir”, acrescentou.

“Quero que o mundo nos veja como um país honrado que cumpre seus compromissos”.

O presidente garantiu que fará o necessário para que os compromissos que o país assumiu com seus credores não signifiquem mais um sacrifício para o povo argentino.