Enquanto ainda avaliam a melhor forma de aproveitar os R$ 340,9 bilhões de crédito rural do Plano Safra 2022/23, com juros que chegam a 12,5%, agricultores devem se apressar para garantir o seguro para suas lavouras. Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) indicam que cerca de 80% dos R$ 990 milhões previstos para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) do orçamento atual já foram comprometidos. E os recursos podem terminar na primeira semana de agosto.

Tal cenário compromete a cobertura para a safra de verão de soja e milho por riscos climáticos. Vale ressaltar que foram exatamente os efeitos do clima, como falta e excesso de chuva e geadas, que geraram quebras de safra em diferentes culturas no período 2021/22, com grandes perdas financeiras e uma disparada dos produtores em busca de seguro.

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Segundo informações da Superintendência de Seguros Privados (Susep), de janeiro a abril deste ano o índice de sinistralidade, a diferença entre o valor arrecadado com a venda de seguros e as indenizações, chegou a 366%. Esse desequilíbrio aumenta o risco de escassez de produtos e, pior, o que estiver disponível terá condições menos favoráveis do que em safras anteriores, inclusive com restrições de cobertura.

Para o especialista em mercado de seguro da Agro4U Assessoria e Intermediação, Felipe Caballero, uma saída para evitar essa situação é não deixar a contratação do seguro para a última hora, ou seja, às vésperas do plantio. E ter consciência da realidade atual do mercado e de que a função do seguro é repor perdas, não assegurar o lucro da atividade. “Muitas vezes, na hora da contratação, o produtor olha a proposta com base no histórico de sua produção, mas é preciso enxergar à frente”, afirmou.

Outra possibilidade de superar uma possível escassez de seguros, sobretudo regionalmente, é aproveitar a tecnologia para encontrar as melhores opções de produtos disponíveis no mercado. Há empresas, como a agtech Aeagro, que fazem essa garimpagem de forma personalizada. “Buscamos parcerias com grandes seguradoras para disponibilizar ao produtor um seguro que atenda a suas necessidades”, disse a gerente de seguros da Aegro, Juliana Dana.

E resta ainda a chance de o Mapa trazer novo fôlego para esse campo. Segundo a WIT Insurance, o Ministério pode definir semana que vem a entrada de mais R$ 710 milhões. Quem já estiver preparado, poderá aproveitar melhor as possibilidades.