O dólar saltava cerca de 1% na tarde desta quinta-feira, 9, depois que uma decisão muito dividida pela desaceleração do ritmo de corte da Selic na véspera levantou preocupações sobre mudanças no perfil do colegiado, com o Comitê de Política Monetária (Copom) também destacando em seu comunicado cenários internacional e doméstico muito incertos.

Por volta das 14h30, o dólar à vista subia 1,46%, a R$ 5,1654 na venda. Na B3, o Ibovespa caía 1,47%, a 127.577 pontos. Veja cotações.

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Na véspera, o dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,0914 na venda, em alta de 0,46%.

O Banco Central decidiu reduzir o ritmo de afrouxamento monetário ao fazer um corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic, para 10,50% ao ano, com divergência de diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e abandonou sua indicação sobre o futuro dos juros básicos.

De acordo com o comunicado, a decisão foi apoiada pelo presidente Roberto Campos Neto e os diretores Carolina Barros, Diogo Guillen, Otávio Damaso e Renato Gomes. Indicados por Lula, Ailton de Aquino, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Teixeira votaram por uma redução maior, de 0,50 ponto percentual.

Repercussão

“Duas hipóteses são suscitadas após a decisão: a primeira diz respeito a uma transição precoce entre os governos, que deveríamos assistir mais para o final do ano; já o segundo é o mais grave e levanta questionamentos sobre o quão técnica é a decisão do Copom, um órgão que deveria ser estritamente técnico”, avaliou, em nota a clientes, Étore Sanchez, da Ativa Investimentos.

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, o mercado deve passar a precificar juros menores para 2025 e 2026, pois já está claro que outros diretores indicados pelo presidente Lula têm uma visão de que a taxa deveria estar em níveis mais baixos.

“A  decisão do Copom reflete uma balança entre prudência e reatividade, buscando navegar por um ambiente econômico incerto sem comprometer os objetivos de longo prazo de estabilidade de preços e crescimento sustentável. A trajetória futura da política monetária brasileira dependerá de como essas variáveis globais e domésticas evoluem, e se o Banco Central conseguirá ajustar a taxa Selic para níveis que promovam a recuperação econômica sem alimentar pressões inflacionárias”, avaliou.

Mesmo com o novo corte, o Brasil se mantém na 2ª colocação no ranking mundial de juros reais, abaixo somente da Rússia, segundo levantamento da Infinity Asset Management com os 40 países mais relevantes do mercado de renda fixa mundial.

Em termos nominais, o país está na 6ª colocação, abaixo da Argentina, Turquia, Rússia, Colômbia e México e acima de África do Sul, Hungria e Chile.