O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina nesta quarta-feira, 27, o decreto que regulamenta a TV 3.0, uma nova geração de televisão com mais interatividade, qualidade de imagem e som superior aos padrões atuais. O investimento público até o momento no projeto é de R$ 7,5 milhões.

+ Gigantes chinesas de tecnologia prometem encerrar ‘guerra de preços’ na entrega de alimentos

A fase preparatória está prevista para ser concluída em 2025, com início das primeiras transmissões da TV 3.0 no primeiro semestre de 2026, nas grandes capitais. O processo de expansão até atingir a cobertura de todo o território nacional deve levar até 15 anos.

Neste novo modelo, não haverá mais os tradicionais canais das emissoras, que passam a ser semelhantes aos aplicativos de smartphones, como nas plataformas de streaming. Não é necessário ter internet para ter acesso à TV 3.0.

Oferecendo imagens em 4K e 8K e som imersivo (tipo de cinema), a nova televisão terá propagandas personalizadas para quem está assistindo. Os exemplos vão desde poder votar em uma enquete durante um programa, participar de um chat com outros espectadores ou até mesmo poder comprar, diretamente pela tv, itens apresentados em uma novela ou comercial.

Sergio Santoro, coordenador do Módulo de Mercado do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD), explica que a DTV+ (como está sendo chamada oficialmente a TV 3.0), deve permitir novos modelos de negócios para além das bases sobre as quais a TV aberta foi desenvolvida.

“O DTV+ insere definitivamente a TV aberta na economia digital, trazendo métricas e modelos de negócios do universo digital para a radiodifusão aberta e gratuita, mantendo seu poder de alcance, com uma redução na complexidade que existe hoje para alternar entre conteúdos oferecidos pela TV aberta e pela internet em plataformas completamente separadas”, disse.

Por meio da nova tecnologia, totens de mídia Out of Home (OOH) serão capazes de receber conteúdo publicitário diretamente do sinal de TV, sem necessidade de internet, abrindo caminho para modelos de negócios em locais onde a conectividade é baixa.

A transição para os novos modelos deve ser gradual, assim como ocorreu na transição do sistema de TV analógico para o digital.

Na época, o governo ofereceu conversores de sinal gratuitamente para famílias de baixa renda. Desta vez, o Ministério das Comunicações ainda não tem uma definição sobre a distribuição gratuita de conversores para o sinal de TV 3.0.

Em entrevista à IstoÉ, o ministro das Comunicações, Federico Siqueira Filho, explicou que a ideia é que, futuramente, os televisores já saiam de fábrica com os kits de TV que possibilitem o acesso ao sistema DTV+.

“É bom deixar claro que as duas tecnologias vão conviver simultaneamente nesse período de transição”, reforçou o ministro.

Quando TV 3.0 entra no ar?

Siqueira explicou que o governo trabalha atualmente com a ideia de que a TV 3.0 esteja disponível até a Copa do Mundo de Futebol de 2026, ou seja, até junho.

“Esse é o prazo que está previamente acordado com os fornecedores de equipamento, operadores de TV e todo o mercado, para que possam se preparar, fazer investimentos e colocar os seus sistemas de operação na Copa de 2026”, disse Siqueira Filho. 

Além da assinatura do decreto, as normas relativas à TV 3.0 devem passar por uma consulta pública, ainda sem previsão para ocorrer.

De acordo com o coordenador do Fórum do SBTDV, duas emissoras experimentais serão instaladas ainda em 2025, sendo uma em São Paulo e outra em Brasília.

Em abril deste ano, a TV Globo anunciou que estava lançando sua estação piloto de DTV+ no Rio de Janeiro. Inicialmente o sinal se restringe à zona sul do Rio de Janeiro. A Globo informou que, nesta fase, a estação piloto permitirá que a empresa e seus parceiros realizem testes e ajustes antes que as estações comerciais sejam lançadas.

*Estagiário sob supervisão