23/12/2016 - 0:00
Antes de o Banco Central anunciar seu pacote de estímulo a economia (leia reportagem aqui), especulava-se que o setor de cartões de crédito seria muito afetado com uma polêmica medida. Ela previa que as companhias do segmento teriam de pagar os lojistas 2 dias depois e não 30 dias depois de uma compra realizada com cartão. Quando essa possibilidade foi aventada, a startup Nubank, uma fintech brasileira avaliada em US$ 800 milhões, foi a primeira a espernear. Afirmou que isso inviabilizaria seu negócio e que, provavelmente, fecharia as portas. David Veléz, CEO da Nubank, falou à coluna:
A Nubank foi a empresa que mais se posicionou contra a medida que o BC estudava implementar. Por quê?
Como hoje os clientes pagam as suas faturas em média 26 dias depois de fazer suas compras, essa mudança aumentaria significativamente a necessidade de capital dos emissores de cartão de crédito. Empresas como a Nubank, que não estão associadas a grandes bancos, com bilhões de reais em caixa, seriam muito prejudicadas. E, mesmo que conseguíssemos acesso a esse volume de recursos, isso colocaria em risco o nosso modelo de negócio, que é baseado em sermos altamente eficientes para não termos que cobrar tarifas ou juros absurdos.
O BC não aprovou essa medida, mas ela não está descartada para o futuro. Como a Nubank pode se preparar para isso?
Estamos estudando todos os cenários e alternativas possíveis, mas só poderemos afirmar com certeza se será necessário algum ajuste no nosso modelo de negócios depois da definição de como as mudanças serão implementadas.
Como a empresa se saiu em 2016?
Em 2016, aprimoramos muito o nosso produto e lançamos funcionalidades novas no app, como a antecipação de parcelas, algo que nenhum outro cartão faz no Brasil. Dentro dessas novas funcionalidades estão: alteração de data de vencimento pelo app, implantação de uma plataforma própria de chat, entre outros. Além disso, batemos mais de 75 milhões de compras com o nosso cartão e somos a empresa mais bem avaliada por seus funcionários de acordo com a LoveMondays.
(Nota publicada na Edição 999 da Revista Dinheiro, com colaboração de: André Jankavski, Luís Artur Nogueira e Márcio Kroehn)