O órgão responsável pela preservação de bens tombados na cidade de São Paulo decidiu nesta segunda-feira, 4, liberar a demolição do tobogã – a arquibancada anexa – e a instalação de uma cobertura no novo Estádio do Pacaembu, que será concedido à iniciativa privada pela gestão João Doria (PSDB) por até 35 anos.

O Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de São Paulo (Conpresp) analisou as cinco propostas feitas por empresas interessadas em assumir a gestão do Pacaembu e decidiu quais alterações poderão ser feitas no complexo esportivo, que foi tombado em 1988. As diretrizes serão encaminhadas para a Secretaria Municipal de Desestatização, responsável por realizar a concessão.

Com base na decisão do Conpresp, a pasta vai apontar as propostas que seguirão adiante. Projetos detalhados serão apresentados em até dois meses para que a Prefeitura possa lançar a licitação ainda neste ano.

Nesta segunda, os conselheiros decidiram que é admissível a demolição total ou parcial do tobogã desde que a nova arquitetura promova uma melhor “conexão” entre o estádio e o complexo esportivo, que fica na parte de trás e é usado por moradores da região. Com capacidade para 10 mil pessoas, a arquibancada complementar do estádio foi erguida em 1970 no lugar da antiga concha acústica, que servia de palco para espetáculos.

“O tobogã é uma coisa espúria, que interfere negativamente na anatomia do complexo. A demolição dele é positiva no sentido de integrar a área esportiva com o estádio”, defendeu o conselheiro Marcelo Manhães, da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em São Paulo.

Três dos cinco projetos apresentados preveem a demolição do tobogã para aproveitar o espaço com a construção de edificações para restaurantes, lojas e até hotéis, ou para fechar a arquibancada em forma de anel. Essa medida, contudo, foi vetada pelo órgão, que decidiu pela manutenção do formato de ferradura.

Arena

O Conpresp também autorizou a instalação de cobertura no estádio, fixa ou móvel, “desde que respeitada a permeabilidade visual” do local. A medida converge com a intenção de transformar o Pacaembu em uma arena multiúso. Na semana passada, a Câmara Municipal aprovou o projeto de concessão com aval para a realização de shows no estádio, medida que é alvo há anos de disputa judicial entre a Prefeitura de São Paulo e a associação de moradores Viva Pacaembu.

O Conpresp proibiu, contudo, a demolição de outros trechos de arquibancada, a construção de anéis superiores, qualquer intervenção na Praça Charles Miller ou nas quadras e piscinas do complexo esportivo, – que poderá ser modernizado.

As decisões estão alinhadas com a deliberação do Condephaat, o órgão estadual de preservação, que autorizou, com ressalvas, na semana passada, as propostas das empresas Tetra, SBP e Casa Azul, e recusou as da Arena e da Masterplan. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.