A Gol será beneficiada por uma eventual redução de capacidade da Avianca Brasil, que entrou em recuperação judicial neste mês. A afirmação foi realizada nesta quinta-feira, 27, pelo diretor financeiro e tesoureiro da companhia, Mario Liao. A aposta já estava na mira do mercado desde que os rumores sobre a concorrente se iniciaram.

“Como vocês sabem, a Avianca Brasil vem agressivamente adicionando capacidade em mercados bastante competitivos, tem hoje cerca de 13% de market share e quase 95% de rotas sobrepostas do com a Gol”, observou o executivo em reunião pública com investidores e analistas, transmitida pela internet. “Lembrem-se que a Avianca foi a única companhia a crescer fortemente a oferta durante a recessão brasileira. A combinação de um ambiente mais saudável para a demanda aérea com uma eventual redução de capacidade trará a maiores receitas unitárias para nós”.

Azul

O diretor financeiro e tesoureiro da Gol disse também que a companhia não pretende ampliar fortemente sua atuação em rotas que se sobrepõem às da Azul. De acordo com o executivo, a aérea continuará reforçando suas operações com mais voos e frequências em hubs e cidades que já estão em seu foco, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

“Pelo menos no nosso lado, não há plano de crescer nos sobrepondo a eles”, afirmou Liao.

Renovação

Na quarta-feira à noite, a Gol anunciou uma nova iniciativa para acelerar o processo de renovação e modernização da sua frota de aviões, que permitirá à companhia alcançar novos destinos e elevar sua produtividade. A aérea fechou contratos para trocar 13 aeronaves Boeing 737 NGs por Boeing 737 MAX-8 nos próximos anos. A Gol vai vender as 13 aeronaves NGs, com redução da dívida líquida em cerca de R$ 1,1 bilhão.

Segundo a Gol, os NGs serão removidos da frota de forma programada entre 2019 e 2021. A companhia pretende que mais de 40% de toda sua frota seja composta por aviões Boeing 737 MAX até 2023, o que deve elevar a produtividade em 24% e reduzir o consumo de combustível em aproximadamente 15%.

100%

Liao avaliou também que a medida provisória editada pelo governo para liberar até 100% de capital estrangeiro em aéreas deve ter efeito “neutro” para a companhia. “No momento, entendemos que será neutro. Já temos o potencial de receber esses investimentos antes dessa MP”, observou, se referindo à estrutura de “super PNs” da ações da Gol.

Em reunião pública com investidores e analistas, Liao reiterou que a avaliação de que a decisão é positiva ao setor como um todo, porque abre espaço para novas oportunidades de investimentos às aéreas.