13/06/2019 - 17:41
São Paulo, 13 – A Cargill anunciou nesta quinta-feira, 13, investimento de US$ 30 milhões para encontrar soluções para proteger florestas e vegetação nativa na cadeia produtiva de soja no Brasil. “Estamos pedindo urgentemente que a indústria se junte a nós e invista conosco para acelerar o progresso e para encontrar soluções que ajudem a proteger a terra do Brasil ao mesmo tempo em que proporcionem oportunidades econômicas aos agricultores e às comunidades”, disse a diretora de Sustentabilidade da Cargill, Ruth Kimmelshue, em teleconferência.
Conforme a executiva, a empresa está preparada para realizar o desembolso “o mais rápido possível e assim que virmos ideias que possam conduzir a mudanças substanciais”.
Ruth reforçou que a empresa fez o apelo aos concorrentes, clientes e outros players na indústria de alimentos para que complementem esse investimento. “Nossa esperança é que os US$ 30 milhões se tornem significativamente maiores por meio do envolvimento e investimento de outros”, disse. Segundo ela, a expectativa é reunir vários participantes em um esforço conjunto para identificar a melhor forma de alocar recursos para combater o desmatamento. “Estamos no processo de identificação de um facilitador para reunir organizações.”
No Brasil, o foco é o Cerrado e o Matopiba (acrônimo formado com as iniciais dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Segundo ela, uma das razões para isso é a extensão de área no Cerrado que vem sendo utilizada para agricultura. “É onde a maior parte das terras novas está vindo para produção, está sendo convertida. O Matopiba é crítico porque é uma das áreas de maior prioridade e mais sensíveis relacionadas ao Cerrado.” Ao mesmo tempo, a empresa vai continuar com o trabalho de combater o desmatamento na Amazônia.
A executiva destacou o êxito da Moratória da Soja na região ao longo dos últimos anos. A empresa também informou ter feito progressos em outras cadeias de suprimento além da soja, como óleo de palma e cacau.
Segundo Ruth, apesar dos esforços coletivos das tradings, “nossa indústria ficará aquém da meta de eliminar o desmatamento até 2020”. O compromisso do setor agora é eliminar o desmatamento na cadeia produtiva da soja até 2030, conforme a executiva. “O progresso que fizemos é significativo. Mas temos mais trabalho significativo para fazer.”
De acordo com a executiva, pedir que as empresas saiam das áreas de maior risco de desmatamento não resolverá o problema, só fará com que ele mude de lugar. “Ao empurrar agricultores para outros compradores, as mesmas práticas continuarão”, disse. “Precisamos urgentemente de ideias ousadas que ofereçam aos agricultores uma maneira de prosperar enquanto protegemos o planeta. Essas são as duas forças concorrentes e complementares que queremos abordar.”
Junto com o financiamento, a empresa informou que está implementando um plano de ação para aumentar a transparência e avançar na adoção da política contra o desmatamento na cadeia de soja. Entre as medidas, está uma avaliação de risco abrangente de fornecedores diretos e indiretos. Segundo a empresa, o foco é trabalhar para a transformação de longo prazo “para que florestas e agricultores possam coexistir”.