22/07/2019 - 15:53
O “robô contador” da Roit Consultoria, lançado em novembro do ano passado, já emitiu mais de 1 milhão de documentos fiscais sem a interferência humana. Com base na Inteligência Artificial, o software cruza o histórico de fluxo contábil das empresas com o complexo sistema tributário brasileiro e faz a interpretação do documento para direcionar o pagamento correto. Segundo o sócio-diretor da Roit, Lucas Ribeiro, o programa tem capacidade de substituir o ser humano em 92% do trabalho de análise dos documentos fiscais, com 99,9% de acerto. “Os outros 8% são feitos por um ser humano”, afirma.
Com base em Curitiba e escritórios em Brasília e São Paulo, a Roit presta serviço para mais de 500 empresas de médio e grande porte no País, além de manter uma extensão no Vale do Silício, na Califórnia. “Estamos em um espaço de coworking para obter o máximo de convivência e proximidade com as inovações”, diz Ribeiro. Depois de investir R$ 2 milhões no “robô contador”, a curitibana projeta lançar em novembro o Roit Bank, com aporte de mais R$ 4 milhões. O novo serviço irá expandir a atuação da Inteligência Artificial para além do segmento tributário e abranger a gerência completa das operações contábeis das empresas. A previsão dos investidores é que o novo software substitua até 60% do trabalho humano no setor.
Qual a maior vantagem do “robô contador”?
LUCAS RIBEIRO – A área tributária no Brasil é bastante complexa, com mais de 300 mil normas, e no meio disso tudo tem muitas hipóteses e leis geradas a partir de interpretações jurídicas ou suposições da Receita Federal e do judiciário. A inteligência artificial faz uma busca por combinações e o acompanhamento da mudança na legislação.
Como isso é feito?
Nós pegamos a base histórica dos clientes e processamos na rede, para que o robô aprenda quais são essas combinações. Depois, ele coloca isso vinculado às normas e regras que ele identificou. Tudo isso nos leva a um nível de certeza porque a máquina consegue fazer uma combinação de forma rápida e acompanhá-las de um meio muito mais preciso que um ser humano.
Como o software substitui o trabalho humano?
Em sete meses nós já passamos para 1 milhão de lançamentos sem nenhuma interação humana. Na parte contábil, 92% do que chega de documentação o robô consegue classificar sozinho com 99,9% de certeza de que está certo. Os outros 8% são feitos por um humano.
Como funcionará o projeto do Roit Bank?
Nós empacotamos essa Inteligência Artificial e incluímos as operações de contas a pagar e contas a receber. Geralmente quando as empresas fazem um compra, elas recebem o contrato, as notas fiscais, o boleto, fazem o pagamento e lançam no sistema, tudo de forma manual. Como a gente consegue escalar rápido com o uso de I.A., invertemos esse fluxo. Quando chega um contrato, uma nota ou um boleto, ele vai direto para um robô que faz a análise do documento, faz a classificação contábil e envia ao banco para o pagamento. A gente inverteu o fluxo para dar mais segurança e agilidade para as empresas.
Quais as melhorias para as empresas?
Quando é feito por um ser humano, o documento pago pode ser fraudado, pois não houve a checagem correta com as normas tributárias. Isso pode expor fiscalmente as empresas a algum tipo de risco ou pode haver o pagamento indevido. Quando a gente opera via robôs, exclui o ser humano desses fluxos.
Quantas pessoas podem ser substituídas pelo sistema?
Ele substitui de 30% a 60% das pessoas na parte operacional, no que a máquina consegue fazer melhor que o ser humano. A parte estratégica de uma empresa, a análise de evolução das despesas e custos, entender os indicadores, definir planos de ação, tudo isso o ser humano passa a ter disponível o tempo que não tinha antes para fazer. A gente tem uma expectativa de ainda melhorar muito a tecnologia, mas ainda está longe de falar em 100% de substituição. O que fazemos é simplificar e otimizar o tempo das pessoas tirando delas o peso que não agrega valor.
Como está a receptividade do mercado para estes projetos?
Sentimos uma receptividade extrema. É uma expectativa muito grande dos empresários que a inteligência artificial possa assumir várias frentes.