23/11/2019 - 19:15
Em um ano em que a economia encolheu e os investimentos em quaisquer áreas minguaram, o Fórum Brasil Diverso se consolida como o maior evento sobre diversidade e inclusão do Brasil. Com presença de representantes de peso como CEOs, VPs, entre outros, os comentários foram unânimes na saída do encontro: “foi uma aula impagável sobre o Brasil que somos e o País que queremos.” Para mim, que trato do tema aqui na coluna Diversidade Corporativa há quase cinco anos, mais que coordenar e presidir o fórum deste ano, foi um verdadeiro aprendizado de como crescer, realizar algo com excelência, cujo produto final é a sensibilização para um tema que muitos acham supérfluo em um período tão nefasto social e economicamente como o que estamos atravessando. Superlotado o teatro Vivo ficou pequeno na segunda-feira (19), em mais uma edição do Fórum Brasil Diverso.
A série de debates foi dividida em quatro painéis, nos quais empresas, CEOs e especialistas em assuntos relacionados à diversidade corporativa – tanto no setor público quanto na iniciativa privada – destacaram os efeitos da revolução 4.0, sempre visando ao combate a todos os tipos de discriminação, seja racial, social, sexual e de gênero.
Apresentado pelos atores Késia Estácio e Sidnei Santiago, o Fórum Brasil Diverso teve na abertura a convidada internacional Elizabeth Cotton, diretora da Blacks in Technology, organização que planeja estratégias para a inserção de negros e negras na indústria da tecnologia.
Alex Salgado, vice-presidente da Vivo/Telefônica, em uma das falas mais otimistas do encontro, indagou: “muitas profissões irão desaparecer, porém, muitas oportunidades de novas profissões cujo acesso será mais democratizado pela comunicação também irão surgir”
O influenciador digital Ad Júnior, que participou do painel “Tecnologia e Juventude: a inclusão no mercado de trabalho”, deixou um questionamento marcante em sua explanação. “Vocês estão percebendo que os negros periféricos não estão fazendo cadastramento biométrico? Quem são as pessoas que votarão nas próximas eleições?”
Rachel Maia, CEO da Lacoste, enfatizou a importância de pensar as ações, uma vez que falta inclusão.
“Algumas pessoas têm vergonha de aplicar nas empresas e, de repente, são talentos que vão fazer a transformação porque o mesmo mindset não vai nos levar pro next step”, afirmou.
Luciana Barreto, da CNN Brasil; Joyce Ribeiro, da TV Cultura; Flavia Lima, da Folha de São Paulo; Alex Salgado, vice-presidente da Vivo; Thêo Van Der Loo, CEO da NatuSciene S.A.; Cristina Palmaka, CEO da Sap Brasil e Cristiane Silva Pinto, do Google Brasil foram outros destaques.
O setor público também foi analisado no painel “Políticas Públicas de Inclusão”, com Fabya Reis, secretária de Estado de Igualdade Racial da Bahia; Acácio Sidnei, pró-reitor da UFABC; Elisa Lucas, secretária adjunta de Direitos Humanos da cidade de São Paulo; e o vereador paulistano Paulo Reis, autor de lei que trata de cotas na cidade de São Paulo.
No painel “Gênero e Raça em Postos de Comando”, Maria Cristina Sampaulo, vice-presidente de Gestão do banco Goldman Sachs; Maurício Rodrigues, vice-presidente de finanças da Bayer; Maria Ângela, diretora executiva da Netflix, além de Elizabeth Cotton, destacaram suas atuações nas respectivas empresas e apontaram novas perspectivas do mercado.
Com um encerramento apoteótico, Olodum, uma das bandas brasileiras mais conhecidas no mundo e que também trabalha com inclusão social em Salvador, fez uma brilhante apresentação.