25/01/2020 - 12:10
O ecossistema brasileiro de startups registrou recorde no volume de investimentos em 2019. Segundo levantamento da consultoria em inovação Distrito, as empresas do País receberam US$ 2,7 bilhões em aportes no ano passado. É um crescimento de 80% na comparação com 2018, quando o total foi de US$ 1,5 bilhão.
Ao todo, 260 rodadas de investimento foram realizadas no último ano, de acordo com o estudo. O número de aportes cresceu 8,3% na comparação com 2018, mas não bateu recordes – em 2017, foram 263 investimentos no País, mas com valor individual menor, totalizando US$ 905 milhões. “Há uma evolução maior do mercado nacional e maior liquidez no mercado global. Isso tudo beneficia os investimentos”, diz Gustavo Gierun, cofundador da Distrito.
Responsável por ao menos nove aportes no País em 2019, incluindo nos unicórnios Gympass, QuintoAndar e Loggi, o grupo japonês SoftBank surgiu como peça fundamental desse crescimento. Considerados os anúncios feitos no ano passado, as rodadas com a participação da empresa movimentaram cerca de US$ 1,3 bilhão, respondendo por quase metade do volume registrado em 2019.
O cenário deve ser diferente neste ano, depois dos problemas apresentados por WeWork e Uber, duas das principais apostas do SoftBank no exterior – o grupo já admitiu que fará menos investimentos no País em 2020. Na visão de Gierun, isso não necessariamente será problema. “O mercado tem se sofisticado nos últimos anos e atraído cada vez mais investidores estrangeiros”, diz.
Fintechs
Segundo o levantamento realizado pela Distrito, as fintechs (startups de serviços financeiros) foram as empresas que mais receberam atenção dos investidores. Foram ao todo 62 cheques, que somaram US$ 935 milhões – entre eles estão os US$ 400 milhões que levaram o Nubank a ser avaliado em cerca de US$ 10 bilhões.
O crescimento do segmento também chama a atenção: em 2018, as fintechs brasileiras haviam recebido US$ 338 milhões. Em 2019, portanto, o salto foi de 276%. “É um setor que vive uma revolução, que deve aumentar nos próximos anos”, diz Gierun. “Novas regulações, como open banking, pagamentos instantâneos e cadastro positivo, abrem espaço para que startups disputem com as grandes empresas. Há oportunidades.”
A maioria dos investimentos realizados no País, porém, está longe da casa das dezenas ou centenas de milhões – apenas 11 investimentos aconteceram após a Série C, jargão do setor que identifica aportes realizados em empresas já maduras.
Segundo o estudo, 87 aportes foram realizados em capital semente, quando a startup ainda está em estágio inicial de desenvolvimento – esses cheques giram em torno de R$ 500 mil e R$ 5 milhões. Outros 40 investimentos foram do tipo Série A, quando a empresa já começou a amadurecer seu produto. Além disso, 38 investimentos foram realizados em fase pré-semente, quando a startup ainda é considerada embrionária. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.