Dez por cento do PIB da União Europeia (UE), 27 milhões de empregos: o turismo é um dos principais setores da economia do continente. Duramente atingidos pela crise do coronavírus, os profissionais temem um verão historicamente ruim, mesmo que estejam tentando se adaptar.

Férias de verão?

Na França, principal destino turístico do mundo, o presidente Emmanuel Macron alertou na terça-feira que “era muito cedo para dizer se poderemos ter férias” neste verão.

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O comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, alertou que “certas áreas serão abertas aos turistas e outras não”, dependendo da situação da saúde.

Nesta quinta-feira, a Organização Mundial do Turismo (OMT) estimou que o número de turistas internacionais poderia cair de 60 a 80% durante o ano de 2020.

Em geral, cidadãos e autoridades parecem concordar com férias “locais”. “Será, no início, o momento da ultra-proximidade”, disse o secretário de Estado francês, Jean-Baptiste Lemoyne, no final de abril.

Várias pesquisas de opinião estimam que a grande maioria dos franceses planeja ficar em seu país durante as férias de verão.

No Reino Unido, um importante fornecedor de turistas para a Europa, “as reservas para este verão caíram muito significativamente”, disse um porta-voz da ABTA, a associação britânica de profissionais de viagens.

Ele quer acreditar que “quando o confinamento for suspenso, o desejo de viajar para ver entes queridos e tirar férias bem merecidas será renovado”.

Como o setor vai se adaptar?

 

Alguns hotspots turísticos estão se preparando para reabrir. A Acrópole de Atenas, assim como todos os sítios arqueológicos da Grécia, poderá receber o público a partir de 18 de maio, anunciou o país nesta quinta-feira.

Mas a ABTA adverte: “será necessário condições sanitárias adequadas”, em particular para permitir o distanciamento social. Isso se aplica ao setor da aviação, que também é muito afetado pelo fechamento das fronteiras.

Em regiões muito turísticas, surgem as mesmas perguntas: como tranquilizar os turistas e, ao mesmo tempo, salvar uma temporada de verão que promete ser historicamente ruim?

Na Espanha, a cidade de Gandia (sudeste) planeja recrutar supervisores, ou mesmo banir crianças da praia em determinados momentos para impor o distanciamento social.

As varandas dos restaurantes serão ampliadas e os menus poderão ser visualizados em um smartphone, em vez de passar de mão em mão.

A rede RoomMate Hotels prevê tapetes impregnados de alvejante para desinfetar as solas dos sapatos e rodas das malas quando os clientes chegarem, que serão submetidos a um teste de temperatura e equipados com máscaras, gel e luvas.

Na Itália, o ministro da Cultura, Dario Franceschini, lamentou na imprensa: “que turismo é esse, se, por exemplo, só uns poucos puderem comer em um restaurante ou em uma pizzaria?”

Todas as partes interessadas são unânimes em pedir diretrizes claras e consistentes. As instituições europeias estão trabalhando em “regras finalizadas e harmonizadas em nível europeu” para a recepção de turistas, garantiu na terça-feira Thierry Breton.

Respostas esperadas “nos próximos dias”.

Qual o impacto econômico?

 

Pós-doutorando na ESTHUA em Angers (Estudos Superiores em Turismo e Hotelaria da Universidade de Angers), Johan Vincent trabalhou em como as crises econômicas estão modificando o setor do turismo.

“O turismo sempre recomeça, porque os atores econômicos se adaptam às crises que enfrentam”, declarou à AFP. No entanto, “será necessário um grande esforço de adaptação”.

Um esforço que exigirá investimentos, enquanto o setor está parado há vários meses.

Na Espanha, o segundo maior destino turístico do mundo, o número de visitantes estrangeiros caiu 64,3% em março em comparação com o ano anterior.

E globalmente, a OMT calcula que o setor já perdeu US$ 80 bilhões nos três primeiros meses do ano. Impacto total estimado da pandemia: mais de 1 trilhão de dólares!

A Europa está atualmente negociando um fundo de estímulo “gigantesco”, segundo Thierry Breton, que por sua vez mencionou uma faixa de “1 a 20 bilhões de euros”.

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