12/10/2020 - 20:39
Um americano foi infectado duas vezes pelo novo coronavírus em um mês e meio de intervalo e a segunda infecção foi mais grave que a primeira, segundo estudo divulgado na terça-feira que detalha esse caso de reinfecção, um dos cinco registrados até agora no mundo.
“Ainda há grande ignorância sobre as infecções por SARS-CoV-2 e a resposta do sistema imunológico, mas nosso trabalho mostra que uma infecção anterior não protegeria necessariamente contra uma infecção futura”, apontou o professor Mark Pandori, principal autor do estudo publicado em Jornal médico Lancet Infectious Diseases.
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Isso implica que “as pessoas com teste positivo para SARS-CoV-2 devem continuar tomando precauções, como distância física, usar máscara e lavar as mãos”, porque é possível se infectar novamente, explica Pandori, citado em um comunicado do revista.
De acordo com a revista médica, cinco casos de reinfecção foram confirmados até agora: em Hong Kong (o primeiro, anunciado em 24 de agosto), na Bélgica, na Holanda, no Equador e no estado norte-americano de Nevada (objeto deste novo estudo).
“Isso não significa que não existam mais, já que muitos casos de covid-19 são assintomáticos” e, portanto, difíceis de detectar, avisa Pandori, especialista da Universidade de Nevada.
Os cinco casos são diferentes. No caso de Nevada e do Equador, a segunda infecção foi mais grave que a primeira, ao contrário do que aconteceu com as outras três.
No caso de Nevada – um jovem de 25 anos – nenhuma desordem imunológica ou qualquer outra doença anterior foi detectada.
Em 18 de abril, ele testou positivo pela primeira vez, com alguns sintomas (dor de garganta e dor de cabeça, tosse, náusea e diarreia). Ele se isolou em casa e sua condição melhorou. Depois disso, o teste foi negativo duas vezes. Mas 48 dias depois, em 5 de junho, voltou a apresentar resultado positivo, desta vez apresentando sintomas mais graves, como dificuldades respiratórias que exigiram sua internação no pronto-socorro e administração de oxigênio. Ele agora está recuperado.
Uma análise genética mostrou que essas duas infecções sucessivas foram causadas por duas cepas diferentes do coronavírus SARS-CoV-2, uma informação essencial para ter certeza de que é uma reinfecção.
“São necessárias mais pesquisas para entender por quanto tempo dura a imunidade contra a SARS-CoV-2 e por que algumas das segundas infecções, embora raras, são mais graves”, afirma Pandori.