22/10/2020 - 7:40
Mais um litígio foi aberto em torno de uma aquisição no mercado brasileiro, após a Ser Educacional deixar de fazer uma contraproposta para adquirir os ativos no Brasil da norte-americana Laureate, que incluem a FMU e o Anhembi Morumbi. O entendimento da rede de ensino controlada pelo empresário Janguiê Diniz foi de que a proposta concorrente, feita pela Ânima e declarada vencedora pela Laureate, não cumpria com a exigência posta em contrato de apresentação das fontes dos recursos a serem utilizados na transação, apurou o ‘Estadão/Broadcast’, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Desta forma, o grupo Ser decidiu questionar a decisão da Laureate na Justiça. A companhia já conseguiu liminar para que o negócio siga em pé, mas uma possibilidade é de essa batalha ser definida em câmara de arbitragem, arrastando a venda por até três anos e contrariando as expectativas da Laureate, que eram de sair rapidamente do negócio no Brasil.
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A diferença entre as duas propostas era de R$ 500 milhões. A Ânima ofereceu R$ 4,3 bilhões pelos ativos da Laureate, com pagamento à vista. A Ser Educacional ofereceu R$ 1,7 bilhão em dinheiro, além de assumir de R$ 623 milhões em dívidas e o restante, para fechar os R$ 3,8 bilhões, com novas ações, equivalentes a 44% de participação na empresa de Janguiê Diniz.
A proposta da Ânima inclui ainda um bônus de R$ 200 milhões relacionado a determinadas métricas financeiras. A empresa também se comprometeu a pagar a multa de R$ 180 milhões pelo não fechamento da transação prevista no acordo com a Ser.
“A Ser ia fazer uma proposta, mas a da Ânima não tem funding, o que era uma exigência do contrato”, disse uma fonte que conhece a transação, na condição de anonimato. Ontem, o grupo pernambucano informou ao mercado que houve divergência entre as duas empresas em relação ao exercício do direito da Laureate de procurar outras propostas pelo ativo até 13 de outubro. “Em razão dessa divergência, o assunto será discutido judicialmente.”
Segundo a fonte ouvida pela reportagem, a leitura é de que o mérito da ação da Ser é forte. A pessoa com conhecimento do assunto diz, ainda, que a Laureate teria perdido o prazo para comunicá-la sobre uma oferta concorrente. “A Laureate perdeu o prazo para nos notificar e a proposta da Ânima tem contigenciamento financeiro”, disse. Por conta desse litígio, a fonte afirmou que pode ser mais difícil para a Ânima obter recursos junto ao mercado.
Estratégia
Para a Ser, os ativos da Laureate são bastante estratégicos. Se sair vitoriosa desse litígio, a empresa irá galgar importantes posições no mercado educacional em São Paulo, onde ainda não tinha conseguido abrir seus braços.
Um dos argumentos que a Laureate está utilizando para se defender é o de que a Ser invalidou o acordo ao recorrer à Justiça. Segundo o comunicado divulgado pela Laureate, a Ser informou ontem que obteve uma liminar parcial e temporária para bloquear o fim do acordo entre as empresas, da qual a Laureate pretende recorrer. A americana alega ainda que não houve uma nova proposta por parte da Ser – algo que a companhia tinha o direito de apresentar. Procurada, a Laureate disse que as informações pertinentes estão no documento apresentado ao mercado.
A Ânima, conforme fontes, têm negociado com um sindicato de bancos o financiamento dessa aquisição, mas as instituições financeiras não teriam se comprometido até aqui com os recursos. A Ânima não se pronunciou em público ainda sobre se foi comunicada ou não pela Laureate como vencedora do processo.
Procurada, a Ser informou que manteria, neste momento, o pronunciamento publicado em fato relevante. A Ânima não comentou até o fechamento desta edição.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.