26/11/2020 - 1:06
A Polícia Civil de Minas Gerais investiga a queda de uma mulher de 38 anos da sacada do apartamento do namorado em Belo Horizonte durante festa no último fim de semana. A corporação afirma não descartar nenhuma linha de apuração, e que aguarda laudo pericial para ter cenário mais claro do que pode ter ocorrido. Interrogatórios de outras pessoas que estavam na festa foram marcados para esta semana. A versão do namorado aponta para suicídio. Já a família da mulher acredita na possibilidade de feminicídio.
A queda da mulher, a administradora de imóveis Hilma Balsamão de Morais, ocorreu no fim da noite de sexta-feira, 20. O boletim de ocorrência da Polícia Militar, chamada ao local por outro morador do prédio, consta que o acionamento da corporação ocorreu às 23h31. Nas informações que prestou afirmou ter ouvido o barulho de alguma coisa caindo em sua área privativa. Ao chegar, viu que se tratava de uma mulher e que possivelmente já estaria morta.
O morador, que vive no primeiro andar, disse ainda que uma festa estava sendo realizada desde o início da tarde na cobertura do prédio, que tem quatro andares, e que, antes da queda da mulher, ouviu pessoas discutindo. O dono do apartamento, Gustavo de Almeida Veloso, de 42 anos, afirmou que mantinha “relacionamento afetivo casual” com Hilma e que a mulher teria chegado à sua casa por volta das 14h.
Relatou ainda que os dois beberam e que, já à noite, discutiram. O motivo, na versão de Gustavo, é que Hilma teria ficado nervosa após o namorado se recusar a “manter relacionamento” com ela naquela noite. Durante a discussão, Gustavo afirma ter pedido ao filho, de 17 anos, que filmasse com seu telefone o que estava acontecendo. Hilma, então teria jogado o telefone do garoto no chão e se dirigido à sacada. Gustavo afirmou que a mulher se dependurou na sacada e, depois, se jogou. O dono do apartamento negou ter agredido a mulher.
Familiares de Hilma afirmaram em postagem nas redes sociais que o namorado de Hilma tem “vasto histórico de agressão física grave, incluindo contra ex-mulheres”. Os parentes afirmam ainda exigir esclarecimentos sobre o caso e contestam a versão do namorado, de que teria pulado da sacada. “Hilma pode ter sido mais um caso de feminicídio no Brasil”, diz a publicação. Integrantes da família não retornaram contato feito pela reportagem.
Outras pessoas que estavam na festa, inclusive o filho de Gustavo, confirmaram à Polícia Militar que Hilma era namorada do pai. Ninguém, por outro lado, afirma ter visto a mulher se jogando da sacada. Parte das pessoas ouvidas pela PM no dia da queda afirmou que estava em área inferior do imóvel, e que o casal estava na superior. Os telefones celulares do casal e do filho de Gustavo foram recolhidos pela Polícia Militar e entregues à Polícia Civil.
A corporação divulgou a seguinte nota: “a Polícia Civil de Minas Gerais informa que, em relação à investigação sobre a morte da mulher de 38 anos, no bairro Castelo, capital, os policiais já iniciaram os trabalhos de campo e, nos próximos dias, testemunhas serão ouvidas. A equipe policial aguarda a conclusão do laudo pericial, importante para as investigações. O inquérito será conduzido pelo Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), sendo que nenhuma linha de investigações está sendo descartada”.
O irmão de Hilma, o analista de planejamento Mauro Alves Pereira Filho, de 33 anos, afirma que a irmã não tinha motivos aparentes para o suicídio. “Minha família descarta completamente essa possibilidade. Hilma não era só alegre. Era a alegria em pessoa. Qualquer um que conviveu com ela vai dizer isso”, argumentou. Segundo Mauro, Hilma estava com viagem marcada com a filha de 16 anos e era bem estabelecida financeiramente.
O irmão afirma não ter conhecido o namorado de Hilma, mas que os dois estavam juntos há sete meses. Mauro disse ainda que a sobrinha contou à família que o casal brigava muito, inclusive com a garota por perto. Hilma foi enterrada no Cemitério Bosque da Esperança no domingo, 22. Mauro informou que exames complementares foram realizados no corpo da irmã no Instituto Médico Legal (IML). O Estadão não conseguiu localizar Gustavo de Almeida Veloso.