01/02/2021 - 13:33
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, passou a ser alvo de enorme pressão política para que a União Europeia (UE) acelere o lento e acidentado ritmo de suas campanhas de vacinação contra a covid-19, por problemas na distribuição de vacinas.
A Comissão investiu 2,7 bilhões de euros (mais de US$ 3,3 bilhões) em contratos com vários laboratórios para reservar 2,3 bilhões de doses dos imunizantes para conter a pandemia.
Até agora, porém, apenas três vacinas foram aprovadas para uso nos 27 países do bloco, e as três empresas experimentam atrasos nos programas de entregas para o primeiro trimestre.
São as vacinas elaboradas pela parceria teuto-americana Pfizer/BioNTech, pelo laboratório americano Moderna e pela empresa anglo-sueca AstraZeneca.
Apesar dos tropeços, Von der Layen e a Comissão mantém a meta de vacinar 70% da população adulta da UE até o fim do verão boreal (inverno no Brasil), em agosto.
Para poder manter essa meta, a Comissão decidiu jogar pesado ante o anúncio da AstraZeneca sobre atrasos nas entregas e conseguiu do laboratório a promessa de aumentar em 30% sua capacidade de entregas nos próximos dois meses.
– Vacinas aprovadas –
– Pfizer/BioNTech, vacina à base de RNA mensageiro, com eficácia de 95%, segundo a Agência Europeia de Medicamentos: a UE reservou 600 milhões de doses.
Suas entregas aos Estados-membros da UE se reduziram à metade, mas a empresa promete um retorno à normalidade em meados de fevereiro.
Moderna (EUA), também baseada em RNA mensageiro, com 94% de eficácia: 160 milhões de doses.
AstraZeneca (Reino Unido/Suécia), vacina de vetor viral, eficácia de 60%: 400 milhões de doses.
Era para ter entregue cerca de 100 milhões de doses no primeiro trimestre, mas anunciou em 22 de dezembro que a meta seria reduzida para 31 milhões. Von der Leyen anunciou no domingo que agora aumentaria para 40 milhões.
– Aguardam aprovação –
Johnson & Johnson (EUA), vacina de vetor viral, eficácia desconhecida: 400 milhões de doses. A Comissão diz que 100 milhões devem ser entregues em junho, se a vacina de dose única for aprovada.
CureVac (Alemanha/EUA), RNA mensageiro, eficácia desconhecida: 405 milhões de doses.
Sanofi/GSK (França/Reino Unido), proteína recombinante, eficácia desconhecida: 300 milhões. Após um decepcionante ensaio de fase 2, as empresas estão testando uma formulação de antígeno diferente e agora têm como objetivo a produção ainda este ano.
Além disso, a Comissão está em discussões com:
Novavax (EUA), proteína recombinante, eficácia desconhecida: para até 200 milhões de doses.
– Vacinação –
Cada Estado-membro da UE é responsável por decidir quem terá prioridade. A maioria dá prioridade aos idosos e aos profissionais da saúde da linha de frente.
Quase todas as vacinas requerem duas injeções para uma vacinação completa, embora a Johnson & Johnson esteja almejando um regime de injeção única, sujeito a teste e aprovação pela Agência Europeia de Medicamentos.
Ao todo, a União Europeia forneceu até sábado 2,4 doses para cada 100 pessoas, segundo fontes oficiais compiladas pelo site Our World in Data.
Os melhores resultados foram registados em Malta (6,08 doses por 100 pessoas), Dinamarca (4,47), Eslovênia (3,65) e Romênia (3,50).
São seguidos pelos maiores países: Alemanha administrou 2,8 doses por 100 pessoas, França 2,34, Itália 3,16 e Espanha 3,1.
– Preços –
Vários países da UE, especialmente os mais pobres do leste, são sensíveis ao custo da vacinação de suas populações.
O desafio logístico das vacinas de RNA mensageiro, que exigem temperaturas de 60 ou 70 graus negativos, também é um fator.
Embora o preço de cada vacina tenha sido mantido em segredo nos contratos da Comissão Europeia, o tuíte de um ministro belga em dezembro – posteriormente excluído – ofereceu um cenário dos custos.
A vacina da Moderna aparecia como a mais cara, € 14,70 por dose (cerca de US$ 17), enquanto a UE concordou em pagar € 12 (US$ 14,51) por dose pela vacina Pfizer/BioNTech. A vacina AstraZeneca seria a mais barata, a 1,78 euros por dose (US $ 2,24)