Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro vem sendo alvo de protestos em Nova York, onde discursará na Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira, o que gerou irritação do presidente e de sua comitiva, levando o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a fazer um gesto obsceno ao mostrar o dedo médio aos manifestantes.

Sem a proteção de apoiadores que costumam cercá-lo no Brasil, o presidente tornou-se alvo dos protestos de ativistas ambientais e em defesa da democracia durante sua passagem por Nova York e também mostrou-se irritado chamando os manifestantes de “acéfalos”.

Organizados por grupos como o Rede nos EUA pela Democracia no Brasil e o Amazon Watch, os protestos não reúnem muitas pessoas, mas fazem barulho o suficiente para incomodar. Um caminhão com a imagem de Bolsonaro circula por Nova York com dizeres como “Jail Bolsonaro” (Prendam Bolsonaro), “Amazon or Bolsonaro” (Amazônia ou Bolsonaro) e que chamam o presidente de “mentiroso” e “perdedor”.

“A iniciativa vem por parte dos grupos em defender e apoiar o direito de brasileiras e brasileiros que vivem nos EUA que sentem a necessidade de se posicionar contra as políticas adotadas pelo atual governo”, disse à Reuters Juliana Moraes, representante da Rede pela Democracia em Washington.

No domingo, o grupo esperava Bolsonaro em frente ao hotel em que está hospedado com faixas e cartazes contra o presidente e gritos de “Fora Bolsonaro Genocida”. Por indicação de sua segurança, o presidente entrou no hotel pelos fundos e não passou pelo grupo.

Na noite de segunda-feira, o grupo esperava o presidente e sua comitiva em frente à casa do representante do Brasil nas Nações Unidas, embaixador Ronaldo Costa Filho, onde aconteceu um jantar. O presidente foi recebido com gritos de “fora Bolsonaro”, “Genocida” e “Vacilão” e, apesar de desdenhar da pouca quantidade de pessoas no local, mostrou-se incomodado.

Em um vídeo postado em suas redes sociais, chamou os manifestantes de “acéfalos”, disse que eram pessoas “fora de si” e que deveriam “estar em um país socialista”, e não nos Estados Unidos.

“A imprensa vai dizer que foi uma mega manifestação contra o presidente. Um pessoal que não tem nada, só tem porcaria dentro da cabeça”, disse o presidente em vídeo postado nas redes sociais.

Dentro de uma van, Queiroga mostrou-se ainda mais irritado com os protestos que Bolsonaro. De dentro do veículo que levava a comitiva, o ministro levantou de seu lugar e foi até a janela fazer gestos obscenos, mostrando o dedo médio para os manifestantes. O vídeo que mostra a cena circulou nas redes sociais e nos canais de imprensa. Queiroga ainda não comentou o episódio.

As vaias e protestos não foram direcionadas apenas ao presidente. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, foi reconhecido e hostilizado enquanto fazia compras em uma loja em Nova York.

Primeiro presidente a discursar na Assembleia-Geral da ONU nesta terça-feira, Bolsonaro chega dessa vez à ONU não como a incógnita de 2019, mas conhecido mundialmente como um presidente apontado como responsável por políticas que aumentaram o desmatamento da Amazônia e por sua postura contra medidas de prevenção da disseminação da Covid-19.

Único presidente do G20 a não estar vacinado contra a doença, Bolsonaro foi criticado pela postura em várias frentes, inclusive pelo prefeito de Nova York, Bill de Blasio. Na segunda, Blasio marcou Bolsonaro em uma publicação em rede social na qual eram listados locais de vacinação contra a Covid-19 na cidade.

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