20/10/2021 - 21:00
O governo de Jair Bolsonaro relançou nesta quarta-feira (20) o programa de ajuda às famílias mais pobres com um aumento de 20%, que entrará em vigor em novembro, a menos de um ano das eleições presidenciais.
O Auxílio Brasil substituirá o popular Bolsa Família, criado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-10), favorito nas pesquisas de opinião para as eleições presidenciais de outubro de 2022 e que beneficia 14,7 milhões de famílias.
Segundo o ministro da Cidadania, João Roma, a ajuda vai variar em função do valor que os beneficiários recebem: “O programa permanente tem valores que oscilam de abaixo de 100 reais até valores superiores a 500 reais”, disse à imprensa.
Além disso, o governo prevê estender a 16,9 milhões as famílias beneficiadas.
O Bolsa Família paga atualmente, em média, 190 reais por mês. Com o aumento, essa média chegará a 228 reais, ainda abaixo da linha da pobreza de 261 reais de renda mensal estabelecida pela Fundação Getúlio Vargas.
O anúncio ocorreu após a divulgação do relatório da CPI do Senado, que recomendou o indiciamento de Bolsonaro por vários crimes relacionados com sua caótica gestão da pandemia do coronavírus.
A popularidade do presidente, que tentará a reeleição, está em seu nível mais baixo desde que chegou ao poder em 2019.
Inicialmente previsto para a terça-feira, o anúncio da ajuda social foi adiado por divergências do governo com a área econômica, diante da intenção do presidente de aumentar para 400 reais o valor da ajuda às famílias em situação de pobreza extrema até o fim de 2022.
Os temores sobre a situação fiscal pesaram no mercado na terça-feira. A bolsa de São Paulo caiu 3,28% e o dólar subiu quase 1,4% a 5,60 reais.
No entanto, a iniciativa de Bolsonaro, que visa a acolher cerca de 20 milhões de beneficiários que deixarão de receber o Auxílio Emergencial em novembro, implementado durante a pandemia, não está descartada.
“Estamos tentando (…) para que o atendimento dessa necessidade ocorra também seguindo a responsabilidade fiscal”, disse Roma.
Thais Zara, economista sênior da LCA Consultores, destacou: “Esta atualização (de 20%) será paga com recursos sob o teto de gastos. No entanto, há uma demanda para que, temporariamente, o benefício não seja inferior a R$ 400 e este complemento será, provavelmente, pago com recursos extra-teto, (…) cuja viabilização ainda está pouco clara”.
Uma vez acertada no governo, a proposta deve seguir para o Congresso.