O comportamento divergente dos mercados de ações do exterior na manhã desta segunda-feira e o feriado em alguns países asiáticos dificultam alta do Ibovespa, que ainda assim deve fechar o mês com forte alta. A tendência é que caminhe para fechar janeiro com o melhor resultado desde 2019, quando subiu 10,82%. Até agora, acumula ganhos de 6,86%.

A piora nos mercados americanos, com aceleração da queda dos índices futuros de ações e máximas dos títulos do Tesouro há pouco, limita alta do Ibovespa, diante da iminência de aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).

Após iniciar o pregão renovando mínimas na faixa dos 111 mil pontos (111.194,57 pontos, em queda de 0,64%), testou máxima a 112.053,87 pontos (alta de 0,13%) enquanto o dólar cedia a R$ 5,3573 (-0,59%), refletindo ainda a expectativa pelo vencimento da ptax, que acontece hoje.

“Os mercados estão muito voláteis, ainda digerindo a sinalização do Fed, com alguns bancos já precificando altas de 5 a 7 vezes no juro americano este ano. O próprio Powell presidente do Fed, Jerome Powell disse que se for necessário subirá o juro em todas as reuniões. Naturalmente, o mercado começa a sentir, especialmente o americano, onde as bolsas vêm de um rali no s últimos dez anos”, avalia Alexandre Brito, sócio da Finacap.

Conforme o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, há possibilidade de retomada da alta, em busca do objetivo maior que é a marca dos 115 mil pontos, a fim de ganhar mais tração. A ajuda deve vir especialmente do investidor estrangeiro, que tem inflado a Bolsa. Até quinta-feira, (27), a soma de recursos externos na B3 é de R$ 28,142 bilhões.

“O que está animando a Bolsa é mesmo o investidor estrangeiro, que tem visto oportunidades. Em apenas um mês, o saldo já é de quase R$ 30 bilhões. É forte para menos de um mês”, completa Brito, ao comparar o montante registrado em todo o ano de 2021 (R$ 70,758 bilhões).

No entanto, a agenda semanal está repleta de divulgações com força para influenciar os negócios, podendo atrapalhar a alta do Ibovespa. Internamente, a lista abrange principalmente o Copom de fevereiro, início da safra de balanços do quarto trimestre, com Santander e Cielo. Hoje, foram informados o Caged de 2021 e o resultado primário do setor público do ano passado.

No exterior, há decisões de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco da Inglaterra (BoE), além da divulgação do relatório do mercado de trabalho (payroll) dos Estados Unidos em janeiro e PMIs Industrial dos EUA, zona do euro e Alemanha, bem de balanços corporativos).

“Volatilidade tem sido o padrão do mês. Instabilidade dada com a preocupação dos juros longos nos Estados Unidos e tensões geopolíticas, o que acaba fazendo com que os investidores fiquem muito sensíveis a indicadores de curto prazo”, explica em nota o economista-chefe do BV, Roberto Padovani.

As commodities também podem dificultar um norte ao Ibovespa. Enquanto o petróleo sobe moderadamente em Londres e nos EUA, o minério de ferro à vista fechou em queda de 0,43%, a US$ 146,78 a tonelada, no porto chinês de Qingdao. Na China, alguns mercados ficam fechados até o dia 6 por conta de feriado. As ações da Vale caíam 1,39%. Já Usiminas PNA tinha elevação de 0,25%.

Além da alta do petróleo, as ações da Petrobras serão monitoradas em meio ao noticiário envolvendo a companhia, como a reiteração de recomendação dos papéis da estatal pelo Credit Suisse e pelo Itaú BBA. Às 10h58, Petrobras subia 0,40% (PN), enquanto ON cedia 0,25%.

Ainda fica no radar a decisão do governo chinês de suspender as importações de carne de frango de uma unidade da Bello Alimentos Ltda, de Itaquiraí (MS), e de uma planta da São Salvador Alimentos S/A, em Itaberaí (GO). A interrupção das compras entrou em vigor hoje, sem indicação de quando serão retomadas.

Às 10h59, o Ibovespa subia 0,19%, aos 112.125,68 pontos.