17/04/2022 - 13:59
Eles administram os postos de controle e sua presença é altamente visível nas cidades. Depois do exército oficial, os civis da Força de Defesa Territorial Ucraniana são o último escudo contra os russos.
Aos 20 anos, “Búfalo” mede 2,07 metros e pesa cerca de cem quilos. Desde o início da invasão russa, ele deixou seu trabalho de construção e ingressou nessa força, equivalente a uma reserva militar.
Como centenas de milhares de civis ucranianos, ele respondeu ao apelo do presidente Volodimir Zelensky para uma mobilização geral.
“Búfalo”, seu pseudônimo, foi designado para o setor de Svyatohirsk, uma cidade cerca de trinta quilômetros ao norte de Kramatorsk, a capital de fato de Donbass, sob controle ucraniano, no leste do país.
As linhas de frente se estendem por cerca de dez quilômetros ao norte e noroeste, particularmente ao redor da cidade de Izium, onde a batalha continua. Esta cidade abre caminho para Kramatorsk.
Dessa área vem o barulho dos bombardeios todos os dias.
“Tenho certeza que você pode ouvir a artilharia e como nossas cidades estão desaparecendo da face da terra”, disse “Búfalo” à AFP, vestindo um traje camuflado e uma balaclava que só permite que seus olhos sejam vistos.
Em seu telefone ele mostra um vídeo no qual aparece na neve, com uma Kalashnikov na mão e em posição de combate com seus companheiros. Mas sua missão também é proteger e ajudar os habitantes.
“Os civis sabem que é guerra. Eles ficam nos porões e é o mínimo que podem fazer para salvar suas vidas. Sempre que podemos, levamos comida e água. Há muitos idosos que não têm para onde ir”, diz.
– Ponte com civis –
Ainda há muitos moradores na cidade de Svyatohirsk, com cerca de 5.000 habitantes antes da guerra, e conhecida por seu mosteiro ortodoxo na “Montanha Sagrada”.
O trabalho aumentou para Andriy em seu pequeno café-restaurante. Moradores, militares e membros das Forças de Defesa fazem fila para pegar um cachorro-quente, um hambúrguer ou uma bebida quente.
“Algumas pessoas foram embora e outras ficaram. As pessoas estão aqui. Todo mundo está andando, fazendo compras, tem que comer de um jeito ou de outro”, diz o comerciante.
Com a kalashnikov no ombro, roupa camuflada e gorro cáqui na cabeça, o homem de 39 anos assegura que a Força de Defesa Territorial “é uma ponte muito importante com os civis, (porque) é composta por civis”.
“Temos pessoas de diferentes idades e diferentes horizontes que se uniram porque temos um só objetivo. Professores, engenheiros, trabalhadores, artistas, isso é extremamente importante”, considera.
“Vamos aguentar até o último suspiro”, diz ele.