O apetite por risco no exterior atinge o Ibovespa nesta quinta-feira. O otimismo internacional reflete balanços trimestrais de grandes empresas nos Estados Unidos e na Europa. Nesta toada e ainda repercutindo notícias internas, sobretudo na seara corporativa, o índice Bovespa tenta emplacar uma segunda sessão seguida de alta. Porém, a agenda de indicadores e de balanços está pesada aqui e lá fora, o que gera volatilidade, impondo certa cautela, bem como a pressão sobre o dólar ante o real. A moeda subia acima de 1%, a R$ 5,0318, na máxima, às 10h52.

Ontem, o Ibovespa fechou com ganho de 1,05%, aos 109.349,37 pontos. Porém, acumula queda de 8,87% em abril nesta reta final do mês, com registro já de dez sessões de saídas de capital externo. Até terça-feira, o total acumulado de retiradas de recursos estrangeiros da B3 é de R$ 4,322 bilhões.

“O movimento de saída de estrangeiros da Bolsa tem chamado a atenção. Tem de acompanhar, mas é natural alguma realização. De todo modo, no ano está positivo R$ R$ 61,005 bi e a tendência é que continue assim, apesar da possibilidade de novas retiradas”, avalia Alexandre Brito, sócio da Finacap Investimentos.

A despeito de informar ontem um lucro líquido (R$ 4,458 bilhões) 12,19% abaixo do esperado no Prévias Broadcast, os papéis da Vale reagiram em alta já na véspera em Nova York. Os ADRs da companhia tiveram valorização de 4,57%. Isso porque a mineradora anunciou recompra de ações.

De certa forma, analistas acreditam que parte do desempenho fraco do primeiro trimestre já tenha sido precificado pelo mercado. No entanto, instituições financeiras já começaram a revisar suas estimativas sobre a Vale para o ano, o que pode limitar ganhos das ações na B3, em meio a incertezas com o ritmo de desaquecimento da China, que enfrenta novos surtos de covid-19. No entanto, o minério de ferro subiu por lá. Às 10h45, contudo, os papéis voltavam a subir (1,24%)

Já a Petrobras informou que teve no primeiro trimestre do ano um desempenho operacional sólido, com aumento de 3,4% na produção total de petróleo e gás natural em relação ao quarto trimestre de 2021. As ações da estatal tinham alta acima de 1%, apesar da valorização moderada do petróleo no exterior.

Apesar de a economia americana ter encolhido 1,4% no primeiro trimestre em termos anualizados, surpreendendo o mercado, que esperava alta de 1%, não deve mudar a expectativa de um postura dura pelo Fed na condução da política monetária, afirma Brito. Isso porque a inflação segue elevada e considera comum algum ajuste.

“Praticamente só teve expansão nos últimos dez anos, é natural alguma desaceleração. Portanto, não deve tirar a pressão sobre o Fed de aceleração no ritmo de alta dos FED funds”, diz o sócio da Finacap.

As bolsas europeias e as americanas sobem em sua maioria na faixa de 1%, dando continuidade à recuperação de preços da véspera, diante de balanços e de olho em manutenção de liquidez pelo Banco Central do Japão. Na Ásia, quase todas as bolsas fecharam com valorização.

“Japão dando sinal de que manterá as condições de liquidez e da mesma forma os balanços das empresas têm vindo bem”, cita o economista-chefe do BV, Roberto Padovani, em comentário matinal a clientes e à imprensa. Porém, pondera que é preciso ficar atento à agenda do dia, que pode “fazer preço.” De todo modo, reforça, “preços de commodities exceto petróleo e treasuries de 10 anos para cima. Portanto, dia de busca por risco com dados econômicos no radar”, afirma.

Às 10h48, o Ibovespa subia 0,31%, aos 109.689,86 pontos. Destaque para queda de ações de bancos.