Por Johan Ahlander e Simon Johnson

ESTOCOLMO (Reuters) – O governo da Suécia decidiu solicitar formalmente a adesão à aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), disse a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, nesta segunda-feira, colocando o país no caminho para acabar com o não-alinhamento militar que durou toda a Guerra Fria.

Os sociais-democratas no governo da Suécia abandonaram no domingo sua oposição de 73 anos sobre associar-se à Otan e esperam uma adesão rápida, após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 24 de fevereiro.

“O governo decidiu informar à Otan que a Suécia quer ser aceita como membro da Otan”, disse Andersson a repórteres, acrescentando que o pedido pode ser entregue na segunda, terça ou quarta-feira e será sincronizado com o da Finlândia.

A decisão de abandonar o não-alinhamento militar que tem sido um princípio central da identidade nacional sueca por dois séculos marca uma mudança radical na percepção pública na região nórdica após o ataque da Rússia a um país vizinho.

“A Europa, a Suécia e o povo sueco estão vivendo agora em uma nova e perigosa realidade”, afirmou Andersson durante um debate sobre política de segurança no Parlamento nesta segunda-feira.

No entanto, ela disse que a Suécia não quer bases militares permanentes da Otan ou armas nucleares em seu território se sua adesão for aprovada.

Há amplo apoio no Parlamento para uma candidatura, embora o governo não precise de sua aprovação para prosseguir. A Finlândia também confirmou no domingo que vai se candidatar para ingressar na aliança militar.

Um obstáculo já surgiu antes mesmo de os pedidos chegarem à sede da Otan em Bruxelas.

A Turquia surpreendeu seus aliados da Otan ao dizer que não vê os pedidos da Finlândia e da Suécia de forma positiva, principalmente citando seu histórico de hospedar membros de grupos militantes curdos.

O presidente turco, Tayyip Erdogan, chamou os países escandinavos de “hospedagens para organizações terroristas”.

O ministro da Defesa sueco, Peter Hultqvist, disse nesta segunda-feira que a Suécia iniciará discussões diplomáticas com a Turquia para tentar superar as objeções de Ancara ao seu plano de ingressar na Otan.

“Enviaremos um grupo de diplomatas para discutir e dialogar com a Turquia para que possamos ver como isso pode ser resolvido e sobre o que realmente se trata”, afirmou Hultqvist à emissora de serviço público SVT.

A Turquia disse que deseja que os países nórdicos interrompam o apoio a militantes curdos em seu território e suspendam as proibições de venda de algumas armas para a Turquia.

A mídia estatal turca informou separadamente que a Suécia e a Finlândia rejeitaram os pedidos de repatriação de 33 pessoas que a Turquia alega ter ligações com grupos que considera terroristas.

O Ministério das Relações Exteriores da Suécia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

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