Por Aluisio Alves

SÃO PAULO (Reuters) – O Nubank anunciou nesta segunda-feira que um de seus principais executivos acumulará o novo cargo de presidente, assumindo parte das funções do fundador e presidente-executivo David Vélez, a quem se reportará.

O banco digital afirmou que Youssef Lahrech, diretor de operações da companhia há dois anos, “administrará diretamente a operação, orçamento e o desempenho das métricas-chave para os produtos globais, as plataformas globais, as operações de mercado e as funções corporativas”.

Outros executivos do Nubank, incluindo a cofundadora e presidente do Brasil, Cristina Junqueira, vão se reportar a Lahrech.

“David Vélez continuará a orientar e manter a supervisão da gestão operacional, da liderança, cultura e reputação” do Nubank, afirmou a companhia. Vélez “priorizará a estratégia de longo prazo, incluindo o desenvolvimento de produtos, a expansão para novos mercados e novas aquisições”.

Vélez afirmou que, ao passar parte das suas atribuições cotidianas a Lahrech, terá mais tempo para cuidar de estratégias de longo prazo do Nubank, inclusive em relação a oportunidades de crescimento via aquisições e por meio de parcerias com empresas não financeiras.

“Recentemente surgiram grandes oportunidades em M&A (fusões e aquisições)”, disse ele em entrevista à Reuters. “Podemos também fazer parcerias com marketplaces, mas isso requer bastante atenção e foco.”

O anúncio, uma semana após o banco ter anunciado a saída da cantora Anitta de seu conselho de administração, veio no momento em que o Nubank divulgou seus resultados do segundo trimestre, com lucro líquido ajustado de 17 milhões de dólares. A previsão média de analistas ouvidos pela Refinitiv era de 23,3 milhões.

O grupo criado em 2013, que estreou na Nyse em dezembro passado, vem enfrentando crescente escrutínio de analistas, no momento em que a combinação de juros e inflação altos têm pressionado a renda das famílias no Brasil e ditado uma postura mais cética do mercado com empresas de alto crescimento.

O Nubank, porém, apresentou nova rodada de expansão no segundo trimestre, tanto da base de clientes quanto receita. O banco fechou junho com 65,3 milhões de usuários, incluindo Brasil, México e Colômbia, um aumento de 57% em 12 meses. 

A receita total cresceu 230%, para 1,2 bilhão de dólares. A receita média por cliente subiu 105% ano a ano, a 7,8 dólares, enquanto o custo médio por cliente foi de 0,80 dólar, estável. 

No Brasil, seu principal mercado, o Nubank chegou a 62,3 milhões de clientes no fim de junho, alta de 51% sobre um ano antes. “Isso provavelmente posiciona o Nu como a quinta maior instituição financeira do Brasil em número de clientes”, afirmou o banco em comunicado. Embora não tenha mencionado nomes, o Nubank supera o Santander Brasil, que recentemente divulgou que tinha 56,1 milhões de clientes no fim de junho.

As ações do Nubank encerraram o dia com alta de 10,1%, cotadas a 4,68 dólares, na bolsa de Nova York.

CRÉDITO

Um dos principais pontos de atenção de investidores em relação aos balanços de bancos brasileiros do segundo trimestre, a qualidade da carteira de crédito do Nubank também mostrou deterioração, com o índice de inadimplência acima de 90 dias subindo de 3,5% para 4,1%.

Segundo Vélez, porém, como o índice de 15 a 90 dias ficou estável em 3,7%, o banco tem espaço para continuar ampliando as operações de crédito, ainda que esteja observando essa operação “com bastante cuidado”, diante do cenário de juros mais altos.

Sem citar números, Vélez disse também que o Nubank tem tido boa evolução na captação de recursos, mesmo após ter anunciado no mês passado que os depósitos de clientes não mais renderiam durante os primeiros 30 dias.

“É melhor para nós e para os clientes”, disse ele à Reuters, alegando que boa parte da rentabilidade dos primeiros 30 dias era levada pela incidência de IOF.