23/08/2022 - 13:33
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira, 23, que o histórico inflacionário brasileiro fez com que a autoridade monetária evitasse “fazer pouco” no combate à alta de preços para não correr o risco de o País cair em recessão. “Todo banco central tenta evitar dois erros: fazer demais ou não fazer o suficiente. Bancos Centrais de países com histórico de inflação menor, como o Chile, podem arriscar mais. No caso do Brasil, temos uma memória muito vívida de inflação alta e estamos sempre tentando evitar o risco fazer pouco e pagar com uma recessão”, afirmou, em participação no 18º International Investment Seminar, promovido pelo Moneda Asset Management, em Santiago, Chile.
Campos Neto disse não celebrar o recuo nos índices de inflação registrados recentemente. “Ainda há muito trabalho a fazer”, afirmou. “Maior parte do trabalho do BC ainda não impactou preços.”
Ele previu três meses de deflação decorrentes das medidas adotadas pelo governo para baixar o preço dos combustíveis.
Mas ressaltou outras variáveis, como questões sobre taxa de equilíbrio de desemprego no Brasil. “Ainda vemos inflação de serviços subindo, com moderação em núcleos”, acrescentou.
No evento, Campos Neto ressaltou que o Brasil teve experiência com juros baixos quando o cenário fiscal estava controlado e que há sempre incerteza com fiscal quando há troca de governos. “Temos que criar credibilidade, para que mercado entenda a mensagem de que o Brasil está olhando a disciplina fiscal”, completou.