26/09/2022 - 11:04
A aversão ao risco volta a dominar o mercado financeiro global nesta segunda-feira, 26, com investidores retomando os temores de inflação resistente, aumento de juros e consequente recessão nas economias fortes da Europa e Estados Unidos. Nesse ambiente, o dia é de alta generalizada do dólar. Por aqui, a moeda americana já iniciou o dia bastante fortalecida ante o real, tendo atingindo o patamar acima dos R$ 5,34.
Persistem no exterior os temores de que o combate à inflação leve os bancos centrais europeu e americano a promoverem novos aumentos de juros e que novos indicadores econômicos confirmem a iminência de uma recessão na Europa. Ontem à noite a libra atingiu mínima histórica ante o dólar, ainda como reflexo das repercussões sobre o pacote econômico anunciado pelo governo britânico na semana passada, cujo objetivo é estimular a economia, mas que pode ter efeito inflacionário, segundo analistas.
A guerra da Rússia contra a Ucrânia é outro fator de tensão, desde que o governo russo acenou com um aumento da ofensiva, admitindo o uso de armas nucleares. Os EUA elevaram o tom contra a Rússia e falaram em consequências “catastróficas” para o país, se as ameaças forem cumpridas.
Para André Rolha, diretor da Venice Investimentos, embora o mercado brasileiro não possa manter o descolamento do cenário internacional, os fundamentos domésticos positivos podem amenizar a depreciação do real. “Se analisarmos o cenário de DXY acima de 113 pontos e as quedas da libra, verá que o real tem se comportado relativamente bem”, afirma.
O profissional afirma que as questões relacionadas ao fim do ciclo de aumento de juros no Brasil e o crescimento econômico mantêm uma perspectiva mais positiva, ao mesmo tempo em que o país ainda tem uma taxa de juros atrativa ao investidor estrangeiro. “Esse inflow de moeda me faz acreditar que o dólar chegue ao final do ano em um patamar menor, ao redor de R$ 5,10”, afirma.
Às 10h56, o dólar à vista era cotado a R$ 5,3334, em alta de 1,62%. No mercado futuro, o dólar para liquidação em outubro subia 1,40%, aos R$ 5,3420. O DXY, que mede a variação do dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, subia 0,05%.