30/09/2022 - 14:00
A Rússia anexou total, ou parcialmente, cinco regiões da Ucrânia, após referendos denunciados por países ocidentais, da região do Donbass (nordeste) à península da Crimeia (sul).
Saiba mais sobre essas áreas ocupadas, as quais representam 19,4% do território ucraniano, incluindo os 11,9% conquistados desde a ofensiva russa lançada em 24 de fevereiro, conforme estimativas do “think tank” americano Institute for the Study of War (ISW).
– Lugansk e Donetsk –
Essas duas regiões de maioria russófona formam o Donbass, a bacia industrial da Ucrânia.
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Entre 2014 e 2022, um conflito nessa região opôs separatistas leais a Moscou e forças ucranianas. Em fevereiro de 2022, porém, o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência dos separatistas e justificou a invasão da Ucrânia pela necessidade de salvar as populações de língua russa de um suposto genocídio.
Antes da guerra, a região de Lugansk tinha 2,1 milhões de habitantes. Faz fronteira com a Rússia por três lados e, segundo a ISW, mais de 99% de seu território está sob controle de Moscou desde a ofensiva.
Das quatro regiões onde os referendos foram organizados nos últimos dias, Lugansk é a que se encontra mais controlada pela Rússia, mas à custa de pesadas perdas militares.
Desde a contraofensiva ucraniana, no início de setembro, que libertou grande parte da região vizinha de Kharkiv, as forças ucranianas ganharam algum terreno em Lugansk.
A região vizinha de Donetsk tinha 4,1 milhões de habitantes antes da guerra, e sua capital, homônima, é a terceira maior cidade do país.
Antes da invasão russa, cerca de metade da região estava sob controle separatista. Atualmente, pelo menos 58% de seu território está nas mãos de Moscou e de seus aliados, incluindo a cidade portuária de Mariupol, destruída pelo cerco e bombardeio russo.
– Zaporizhia –
Esta região que faz limite com o Mar Negro abriga a maior central nuclear do país, no rio Dnipro, e antes da guerra tinha 1,63 milhão de habitantes.
Segundo o ISW, 72% de sua superfície está ocupada por Moscou e por sua administração militar. Sua maior cidade, de mesmo nome, Zaporizhia, está em mãos ucranianas, mas seu principal porto, Berdyansk, está sob controle russo.
A gigantesca central nuclear da área foi tomada pelo Exército russo em março. Desde então, os dois lados se acusam mutuamente de bombardearem a região, com risco de um acidente nuclear. Constantes pedidos de desmilitarização foram feitos, até agora sem sucesso.
– Kherson –
Em torno de 83% desta região, a mais ocidental sob o controle de Moscou, e sua capital homônima foram tomadas pela Rússia nos primeiros dias da guerra.
Esta região de grande importância agrícola é estratégica para Moscou, porque faz fronteira com a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.
A Ucrânia lançou ali uma contraofensiva e teve alguns sucessos nos últimos meses. Em particular, danificou as pontes sobre o rio Dnipro ao redor da cidade de Kherson para cortar as linhas de abastecimento russas.
Além disso, os ataques contra funcionários russos e pró-russos aumentaram na área, deixando vários mortos.
– Crimeia –
Anexada pela Rússia em 2014, esta península turística e vinícola envenenou as relações entre Kiev e Moscou, após a queda da União Soviética em 1991.
Povoada, principalmente por russófonos, a Crimeia foi “presenteada” à Ucrânia soviética em 1954, por Nikita Khrushchev, então líder da URSS, de origem ucraniana.
Quando a URSS entrou em colapso em 1991, a Crimeia se tornou parte da Ucrânia independente.
Em 16 de março de 2014, em um suposto referendo denunciado pela comunidade internacional, 97% dos habitantes votaram “a favor” da anexação à Rússia, segundo Moscou.
A anexação foi ratificada dois dias depois por um tratado assinado por Putin.
Dos dois milhões de habitantes da Crimeia, 59% são russos; 24%, ucranianos; e 12%, tártaros, uma comunidade de tradição muçulmana estabelecida desde o século XIII.
Ao tomar a Crimeia, a Rússia recuperou o grande porto de Sebastopol, onde sua frota militar está instalada desde o século XVIII. Além disso, o porto oferece-lhe uma saída para o Mar Negro e, portanto, para o Mediterrâneo e para o Oriente Próximo.
Desde maio de 2018, a península está unida à Rússia continental por uma ponte de 19 km de comprimento.
Usada como base logística de retaguarda pela Rússia e afastada dos combates, a Crimeia se viu afetada por várias explosões desde agosto. Mais tarde, a Ucrânia reconheceu o lançamento desses ataques.