Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) -O dólar oscilava perto da estabilidade frente ao real nos primeiros negócios desta sexta-feira, com investidores ajustando posições após uma sequência de perdas acentuada, que deixava a divisa norte-americana a caminho de forte desvalorização semanal.

Às 10:05 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,12%, a 4,9335 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,1%, a 4,9440 reais.

Nas últimas três sessões completas, o dólar acumulou baixa de 2,73%, e fechou a quinta-feira no menor valor desde 9 de junho de 2022.

Apesar do movimento tímido nesta manhã, o dólar está a caminho de fechar a semana em baixa de cerca de 2,5%, em parte porque dados dos Estados Unidos mostraram evidências convincentes de arrefecimento da inflação, o que pode fazer o Federal Reserve encerrar o ciclo de aperto monetário mais cedo do que o esperado.

Somando-se às leituras de índices de preços, dados desta sexta mostraram que as vendas no varejo dos EUA caíram mais do que o esperado em março, sugerindo que a economia perdeu força no final do primeiro trimestre por causa das taxas de juros mais altas.

“Os dados dos EUA dão uma perspectiva um pouco mais positiva em relação à política monetária, e a expectativa de menor atividade econômica traz a esperança de que o Fed possa amenizar um pouco”, disse à Reuters Matheus Pizzani, economista da CM Capital.

“Agora (autoridades do Fed) só devem apertar mais 0,25 (ponto percentual), levando a um nível de juros um pouco mais baixo para o final do ciclo”, acrescentou. O Fed faz sua próxima reunião de política monetária no início de maio.

Para além de fatores externos, o alívio do mercado com a apresentação da proposta de arcabouço fiscal do governo tem colaborado para o salto do real, disse Pizzani, afirmando que a “harmonização das políticas fiscal e monetária torna o Brasil mais atrativo”.

Além disso, operadores têm repetido que o nível da taxa Selic, atualmente em 13,75%, oferece uma rentabilidade interessante para investidores estrangeiros que tentam lucrar com estratégias de câmbio que se aproveitam de diferenciais de juros.

“Existe espaço para o dólar continuar abaixo de 5 reais; temos juros elevados, e, mesmo que o BC cortasse a Selic, ainda teríamos um juro real muito elevado”, disse Pizzani.

“Além disso, a gente está entrando num período muito positivo para nossa balança comercial”, completou ele, citando otimismo em relação às safras de soja.

(Edição de Camila Moreira)

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