Três homens, entre eles um suposto líder da facção criminosa, foram mortos nesta sexta-feira, 16, em confronto com policiais militares, em Guarujá, litoral de São Paulo. Agora já são 26 mortos em confronto com agentes de segurança na região.

Conforme a Polícia Militar, o enfrentamento ocorreu por volta das 6 horas da manhã, quando agentes da Coordenação de Operações Especiais (COE) entraram em um apartamento, no bairro Santa Cruz dos Navegantes, em busca de um suspeito conhecido como Danone. Além do suspeito, as duas pessoas que estavam com ele foram baleadas e morreram.

O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, publicou vídeo nas redes sociais em que um homem aparece empunhando uma arma durante uma festa. “O homem que aparece no vídeo ostentando arma dessa maneira era conhecido como Danone e morreu hoje em confronto com o COE (Comando de Operações Especiais). Integrante de organização criminosa, ele atuava no tráfico internacional de drogas e é suspeito de envolvimento em atentados contra a vida de agentes públicos”, escreveu.

Ainda segundo o secretário, Danone, identificado como Rodrigo Pires dos Santos, de 40 anos, era o líder do grupo flagrado atirando contra uma embarcação da Receita Federal em 2015 e foi apontado como um dos responsáveis pela morte do sargento Marcelo Fukuhara, da PM de Santos, assassinado em 2012.

Em novembro do ano passado, após operação da Polícia Civil e da Marinha, Danone conseguiu fugir. Na casa do suspeito, foram encontrados um fuzil, duas pistolas e entorpecentes.

A Secretaria da Segurança (SSP) disse que o suspeito era “líder de uma facção criminosa” e, além do tráfico internacional, atuava também em lavagem de dinheiro e no tribunal do crime. Segundo a pasta, os policiais do COE foram ao local após uma denúncia anônima e reagiram ao serem recebidos a tiros. “A perícia foi acionada e o caso será investigado”, diz a nota. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Danone.

Segundo a SSP, durante a Operação Verão, iniciativa voltada ao combate à criminalidade e à garantia da segurança da população, 634 criminosos foram presos, incluindo 236 procurados pela Justiça, e 26 pessoas morreram em confrontos com a polícia. Foram apreendidos mais de 147 quilos de drogas e 72 armas, incluindo fuzis de uso restrito.

As operações começaram depois que policiais militares foram mortos por suspeitos na Baixada Santista. A gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) transferiu o gabinete da pasta para Santos na tentativa de frear a onda de violência. Coronéis ouvidos pelo Estadão se dividem sobre a estratégia de policiamento ostensivo para fazer frente ao problema.

Parentes falam de inocentes entre os mortos pela polícia. “Meu pai não era traficante, mas quem mora na favela não tem voz”, disse à reportagem a filha do catador de lixo José Marcos Nunes da Silva, de 45 anos, morto no barraco onde vivia, em São Vicente. A família diz que ele era usuário de drogas, mas não estava envolvido com o crime. A SSP afirma investigar o caso.

Em Santos, moradores relatam medo e até desejo de se mudar. “Não queria me mudar, mas estou assustado”, disse à reportagem o aposentado Aluízio Barbosa, de 69 anos, que vivem na área onde um dos PMs foi morto.