Presidente brasileiro manda recado para o homólogo argentino, Javier Milei, e defende o fortalecimento da democracia na região. Petista afirma que entrada da Bolívia no bloco é estratégica.Ao discursar na Cúpula do Mercosul, no Paraguai, nesta segunda-feira (08/07), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o que chamou de “nacionalismo arcaico e isolacionista”.

“No mundo globalizado, não faz sentido recorrer ao nacionalismo arcaico e isolacionista. Tampouco há justificativa para resgatar as experiências ultraliberais que apenas agravaram as desigualdades em nossa região”, disse, em uma clara alusão ao governo do presidente argentino, Javier Milei, o único dos líderes do Mercosul que não compareceu à reunião. Esta a primeira vez que um presidente da Argentina não participa do evento.

Lula lembrou que esta é a 19ª Cúpula do Mercosul de que participa como chefe de Estado. Para ele, “nunca nos deparamos com tantos desafios, seja no âmbito regional, seja em nível global”.

“Nos últimos anos, permitimos que conflitos e disputas, muitas vezes alheios à região, se sobreponham à nossa vocação de paz e cooperação. Voltamos a ser uma região balcanizada e dividida, mais voltada para fora do que para si própria”, afirmou.

Apelo por fortalecimento da democracia na região

O petista fez um apelo em prol do fortalecimento da democracia na região após a tentativa de golpe de Estado contra o governo de Luis Arce , na Bolívia, no último dia 26 de junho.

Durante seu discurso, o presidente brasileiro destacou que “não há atalhos para a democracia” e elogiou a posição do Mercosul em defesa do Estado de direito.

“Mas é preciso permanecer vigilantes. Falsos democratas tentam solapar as instituições e colocá-las à serviço de interesses reacionários”, alertou Lula em seu discurso.

O presidente lembrou que, assim como a Bolívia, o Brasil também sofreu uma tentativa frustrada de golpe no início de seu terceiro mandato, em 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro atacaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Mais uma vez Lula criticou as desigualdades vividas na região e disse que democracia e desenvolvimento “andam de mãos dadas”.

“Entrada da Bolívia é estratégica”

Além disso, Lula recordou os progressos que o bloco tem feito em questões comerciais e convidou os demais países-membros a “pensar grande” e a não se limitar a “propostas simplistas” que o enfraquecem institucionalmente.

“Precisamos de uma integração regional profunda, baseada no trabalho qualificado e na produção de ciência, tecnologia e inovação para geração de emprego e renda”, comentou.

Lula também destacou em seu discurso a entrada da Bolívia como membro pleno do bloco e descreveu-a como “estratégica” devido ao seu importante papel no setor energético.

O presidente brasileiro também frisou a necessidade de avançar no comércio exterior e destacou os progressos feitos durante a presidência paraguaia do bloco para um acordo com os Emirados Árabes Unidos.

Já em relação ao acordo que está pendente com a União Europeia, disse que está parado porque “os europeus ainda não conseguiram resolver as suas próprias contradições internas”.

Além de Lula, a cúpula do Mercosul, que tem como anfitrião o paraguaio Santiago Peña, conta com a participação dos presidentes do Uruguai, Luis Lacalle Pou; da Bolívia, Luis Arce; e do Panamá, José Raúl Mulino, este último como convidado.

md (EBC, EFE)