A vitória de Donald Trump impulsionou um rali nos mercados que ganhou até apelido: “Trump trades”, ou “negócios de Trump” em tradução livre. Os principais índices acionários dos Estados Unidos e o bitcoin bateram recordes nesta quarta-feira, 6. O dólar também apresentou forte alta e depois recuou.

As ações da Tesla subiram 13% nas negociações pré-sessão em Wall Street. A empresa é propriedade de Elon Musk, um dos grandes apoiadores do Trump durante todo o período de campanha.

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A conquista da vitória rápida e sem contestações beneficiou o mercado, aponta David Morrison, analista sênior de mercado da Trade Nation. Porém o maior impacto veio de fato das expectativas em relação ao governo.

É esperado que Trump adote medidas protecionistas que impulsionarão as empresas estadunidenses, e que a economia mais forte atrase a queda dos juros nos EUA.

Mercado acionário

Os contratos futuros do S&P 500 atingiram máxima recorde em meio a um rali amplo. O futuro do S&P 500 subia 2,28%, enquanto o contrato futuro do Nasdaq 100 tinha alta de 1,85%, e o futuro do Dow Jones avançava 2,74%. O Russell 2000, de small caps, saltava 4,1%, atingindo a máxima em quase três anos.

“Com a possibilidade de maior estímulo e redução das restrições ou regulamentações sobre os setores, podemos acabar vendo o mercado apresentar uma forte recuperação entre agora e o final do ano”, disse Sam Stovall, estrategista-chefe de investimentos da CFRA Research.

Wall Street está prevendo impostos mais baixos e desregulamentação, embora os aumentos de tarifas possam provocar desafios na forma de déficit e inflação mais altos.

O setor financeiro liderava os ganhos com um aumento de 5,1%, atingindo um recorde, já que os rendimentos subiram e os investidores esperavam que o setor se beneficie de menos regulamentação.

Nos mercados acionários europeus, os índices têm subido acentuadamente desde a abertura. “De forma surpreendente”, os mercados europeus “estão se mantendo bem por enquanto, diante da vitória incontestável de Donald Trump”, escreveu Alexandre Baradez, chefe de análise de mercado da IG France.

Criptoativos

O Bitcoin chegou a ultrapassar a barreira dos 75.000 dólares pela primeira vez, impulsionado pela perspectiva de flexibilização regulatória com Trump na presidência.

A expectativa de um mercado cripto menos regulamentado impactou diversos ativos do segmento. Por volta das 15h25, o Ethereum tinha alta de 8,69% em 24 horas, e a Solana de 12,04%, segundo o portal CoinMarketCap. “Memecoin” apoiada por Elon Musk, a dogecoin valorizada 11,66%.

Câmbio

O dólar valorizou frente à maioria das demais moedas. Um aumento frente ao euro que não era registrado desde março de 2020, disparando 1,72% aos US$ 1,0475 por euro às 8h30.

Por outro lado, “no México, a preocupação ante possíveis aumentos de tarifas faz o peso despencar”, comentam os analistas do Saxo Bank. A moeda mexicana perdia 2,22% a 20,57 pesos por um dólar.

O mercado espera “um crescimento mais forte e, talvez, uma inflação mais alta”, uma combinação que poderia “desacelerar, ou até mesmo interromper, os cortes planejados nas taxas de juros do banco central dos EUA [Fed]”, diz Stephen Dover, diretor do Franklin Templeton Institute.

Juros mais altos e atrativos nos EUA podem provocar uma desvalorização nas moedas em outras partes do mundo.