23/01/2025 - 19:11
(Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse ao Fórum Econômico Mundial nesta quinta-feira que empresas devem fabricar seus produtos nos Estados Unidos se quiserem evitar tarifas.
Em uma videochamada com líderes empresariais na conferência anual em Davos, na Suíça, Trump disse que as empresas devem estabelecer operações de fabricação nos Estados Unidos.
“Minha mensagem para todas as empresas do mundo é muito simples: venham fabricar seu produto nos Estados Unidos e nós lhes daremos um dos impostos mais baixos de qualquer nação do mundo.”
“Mas se você não fabricar seu produto nos Estados Unidos, o que é uma prerrogativa sua, então, muito simplesmente, você terá de pagar uma tarifa”, disse Trump. “Quantias diferentes, mas uma tarifa que direcionará centenas de bilhões de dólares e até trilhões de dólares para o nosso Tesouro para fortalecer nossa economia e pagar a dívida.”
Trump iniciou seu segundo mandato na Presidência na segunda-feira sem impor imediatamente as tarifas que havia prometido a eleitores, incluindo uma taxa de 10% sobre produtos globais e 60% sobre produtos chineses. Ele disse, no entanto, que o Canadá e o México devem enfrentar uma tarifa de 25% em 1º de fevereiro sobre os produtos que enviam para os EUA por causa da imigração ilegal e dos carregamentos de drogas ilícitas através das fronteiras norte-americanas.
Na terça-feira, Trump estendeu o prazo de 1º de fevereiro para a China e disse que a União Europeia também enfrentaria tarifas.
“Vamos exigir respeito de outras nações.”
CRÍTICAS AO CANADÁ
Trump lembrou o Canadá pelo seu “tremendo” superávit comercial anual com os EUA, que o presidente classificou erroneamente como sendo de 200 a 250 bilhões de dólares.
O superávit foi de 64,3 bilhões de dólares em 2023, de acordo com dados do Escritório do Censo dos EUA, primordialmente por causa dos 130 bilhões de dólares em importações de petróleo bruto e derivados produzidos em solo canadense.
Ele afirmou que o Canadá, segundo maior parceiro comercial dos EUA após o México, “tem sido difícil de lidar com o passar dos anos” na questão comercial, acrescentando que o vizinho do norte dos EUA poderia evitar o tarifaço se tornando o 51º Estado norte-americano.
“Não precisamos que eles fabriquem os nossos carros, e eles fazem muitos deles. Não precisamos de sua madeira, porque temos nossas próprias florestas etc etc”, disse Trump. “Não precisamos de seu petróleo e gás. Temos mais do que todo mundo.”
Novas tarifas sobre Canadá e México teriam o efeito de romper de fato o acordo de livre comércio que já dura mais de três décadas na América do Norte.
“RELACIONAMENTO JUSTO” COM A CHINA
Trump afirmou que pretende ter um “campo nivelado” com a China na questão comercial e criticou o “gigante” déficit comercial dos EUA com o país, que ele erroneamente apontou como sendo de 1,1 trilhão de dólares, um número que corresponde ao déficit comercial global dos EUA nos primeiros 11 meses de 2024.
O déficit comercial com a China foi de 279,1 bilhões de dólares em 2023 e está abaixo do pico de 418,2 bilhões de dólares ocorrido em 2018, de acordo com os dados do Escritório do Censo.
“Não precisamos torná-lo fenomenal”, disse Trump sobre o comércio entre China e EUA. “Temos que torná-lo um relacionamento justo. Neste momento, não é justo.”
Trump não forneceu novas pistas sobre os próximos passos específicos de seu governo para implementar tarifas.
Todos os principais nomes econômicos de seu gabinete estão esperando confirmação do Senado, incluindo o indicado a secretário do Tesouro, Scott Bessent, o secretário do Comércio, Howard Lutnick, e o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer.
O líder da Maioria no Senado, John Thune, disse à Reuters que o Senado pode votar a indicação de Bessent durante o fim de semana. Lutnick, que lidera a corretora Cantor Fitzgerald, passará por audiência de confirmação no Senado na quarta-feira. A de Greer não está marcada.
(Reportagem de Katharine Jackson e Caitlin Webber)
(Por Katharine Jackson e Caitlin Webber)