Procurado pelo Tribunal Penal Internacional, onde responde por crimes de guerra e contra a humanidade, primeiro-ministro israelense é esperado nos EUA em 4 de fevereiro.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, convidou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para ser o primeiro líder estrangeiro a visitar a Casa Branca – uma concessão a um aliado dos EUA que é procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra e contra a humanidade.

A visita está prevista para 4 de fevereiro. Na carta da Casa Branca, compartilhada pelo escritório de Netanyahu e datada de terça-feira (28/01), diz: “Estou ansioso para discutir como podemos trazer a paz para Israel e seus vizinhos, e os esforços para combater nossos adversários em comum”.

O que se sabe sobre a visita?

A reunião ocorre na esteira da primeira fase do acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo extremista Hamas na Faixa de Gaza, com a libertação gradual de reféns israelenses mantidos desde os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, que resultaram nas mortes de cerca de 1.200 pessoas, além de outras 250 que foram feitas reféns pelos extremistas.

Israel respondeu com uma ofensiva aérea e terrestre que se estendeu pelos 15 meses seguintes. As autoridades de saúde da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, afirmam que mais de 47 mil palestinos foram mortos – mais da metade mulheres e crianças.

A visita de Netanyahu ocorre em meio aos preparativos para o começo da segunda fase do cessar-fogo, que tem como objetivo encerrar completamente a guerra.

Trump sugeriu esta semana que o Egito e a Jordânia acolhessem os palestinos de Gaza, pelo menos em caráter temporário, para que “limpássemos toda aquela situação”.

As declarações reavivaram temores históricos dos palestinos de serem indefinidamente deslocados, à semelhança do que aconteceu em 1948 na conflituosa formação do Estado de Israel. A expulsão dos árabes pelos judeus na época tem um nome: nakba, que significa catástrofe.

A fala de Trump vai ainda ao encontro do desejo da ultradireita que sustenta o governo de Netanyahu de colonizar Gaza, onde vivem cerca de 2,2 milhões de palestinos.

Cairo, Amã e os palestinos rejeitaram rapidamente a sugestão, mas Trump insistiu na ideia, sugerindo que poderia fazer com que o Egito e a Jordânia concordassem.

Nesta semana, os palestinos também foram autorizados a retornar ao norte de Gaza, a região mais prejudicada pelas operações israelenses, pela primeira vez desde as primeiras semanas da guerra.

Mais de 375 mil palestinos cruzaram para o norte de Gaza desde a manhã de segunda-feira, informaram as Nações Unidas na terça, representando mais de um terço do milhão de pessoas que fugiram da região durante os primeiros dias da guerra.

Os repatriados comemoraram a abertura, apesar de terem encontrado escombros no retorno a suas casas.

Congresso tenta aplicar sanções ao TPI

Enquanto isso, nos Estados Unidos, o Congresso tentou, sem sucesso, aprovar um projeto de lei que poderia retaliar o TPI pelo mandado de prisão emitido contra o primeiro-ministro israelense e seu ex-ministro da Defesa.

O projeto de lei previa sanção a qualquer estrangeiro que investigasse, prendesse, detivesse ou processasse cidadãos americanos ou de um país aliado, inclusive Israel, que não fossem membros do tribunal.

O projeto foi aprovado na Câmara dos Deputados no início deste mês com 243 votos a favor e 140 contra. Quarenta e cinco democratas estavam entre os que votaram a favor.

No Senado, no entanto, apenas 54 votaram a favor e 45 votaram contra – aquém dos 60 votos necessários para a proposta avançar. Embora os democratas fossem a favor de grande parte do projeto de lei, eles achavam que ele era amplo demais.

Os EUA não são um Estado integrante do Estatuto de Roma, que fundou o TPI.

sf (AP, Reuters, DW)