24/02/2025 - 12:01
Enquanto idosos preferem conservadores, esquerda é favorita dos jovens. AfD vai melhor entre homens, eleitores do Leste alemão e insatisfeitos com a própria situação econômica.A aliança conservadora de oposição União Democrata Cristã (CDU)/União Social Cristã (CSU), liderada por Friedrich Merz, é a vencedora das eleições alemãs deste domingo (23/02).
O atual chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, sofreu uma derrota histórica: seu Partido Social Democrata (SPD) amargou o terceiro lugar, atrás da ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD).
Merz, que deve ser o novo chanceler federal, irá conduzir as negociações com outros partidos para a formação de uma coalizão de governo sob liderança conservadora.
Recorde de eleitores
Desta vez, os alemães compareceram em peso às urnas: 82,5%, algo inédito na história da Alemanha pós-reunificação, e bem acima dos 76,4% registrados na eleição de 2021. No total, 49,9 milhões de eleitores participaram do pleito.
As eleições deveriam ter sido realizadas em setembro, mas foram antecipadas em razão do colapso da coalizão de Scholz. Ele ficou sem maioria para governar no Bundestag, a câmara baixa do parlamento alemão, após o rompimento com o Partido Liberal Democrático (FDP).
Diferenças por idade e gênero
Eleitores mais velhos são maioria na Alemanha: 42,1% têm 60 ou mais anos. E é neste grupo que a aliança conservadora CDU/CSU e os sociais-democratas tiveram desempenho acima da média, como mostra o gráfico abaixo.
No caso dos eleitores com 70 ou mais anos, quatro em cada seis escolheram os conservadores, que são uma força tradicional no país desde o pós-guerra.
Já a AfD foi o partido mais votado entre os eleitores dos 25 até os 44 anos.
Do outro lado do espectro político, o partido A Esquerda, que renasceu nas urnas após ter sua insignificância quase dada como certa por analistas, lidera entre os eleitores até 24 anos. E se dependesse deste grupo, os nanicos do FDP e da Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) teriam entrado para o parlamento – um cenário que dificultaria a formação de coalizões. Ainda assim, o FDP, assim como outros partidos tradicionais, também foi punido pelo eleitorado jovem.
Cerca de 2,3 milhões jovens alemães, ou 3,9%, puderam votar pela primeira vez.
Em termos de gênero, as diferenças entre o eleitorado masculino e feminino ficam evidentes principalmente no voto para a AfD. Eles também tiveram uma preferência acima da média pelos conservadores. Já entre as mulheres foram os social-democratas, verdes e esquerdistas que tiveram desempenho acima da média.
Diferenças por renda e nível educacional
Os resultados também expõem diferenças de acordo com a renda e o nível educacional.
Segundo o infratest dimap, em números arredondados, pessoas que avaliaram sua situação econômica como ruim deram quase o dobro de votos à AfD (39% contra 21%), e também votaram mais no A Esquerda (11% contra 9%) e na BSW (7% contra 5%), que são partidos minoritários.
Já os que avaliaram positivamente a própria situação econômica deram votos ligeiramente acima da média para os partidos tradicionais – conservadores, social-democratas, verdes e liberais.
A AfD também foi melhor entre os eleitores com nível básico de educação (28% contra 21%), mas o mesmo vale também para os dois grandes partidos tradicionais SPD (20% contra 16%) e CDU/CSU (28% contra 21%).
Diferenças regionais
Apesar de a AfD ter ficado em segundo lugar nas eleições federais, se dependesse somente do Leste alemão, a legenda terminaria o pleito em primeiro lugar. Ela foi a mais votada na esmagadora maioria dos distritos, com exceção das regiões de Leipzig, Potsdam e Berlim.
Na capital alemã, a AfD foi a mais votada em um único distrito, na periferia oriental da cidade; os demais ficaram divididos entre CDU, que prevaleceu na antiga Berlim Ocidental, e o partido A Esquerda, que foi melhor na antiga Berlim Oriental.
Já na antiga Alemanha Ocidental, a conservadora CDU – e principalmente seu parceiro bávaro CSU – foi melhor em quase todos os distritos. A AfD, pela primeira vez, liderou em dois deles: Kaiserslautern, na Renânia-Palatinado, e Gelsenkirchen, na Renânia do Norte-Vestfália.
ra/cn (ots)