12/01/2015 - 0:00
Musa de uma geração, um dos primeiros símbolos sexuais do cinema, a atriz sueca Anita Ekberg permanecerá na memória de todos os que, um dia, assistiram “La Dolce Vita”, filme do diretor italiano Federico Fellini, de 1960. Nele, Ekberg, que morreu no domingo 11 aos 83 anos, em Roma, aparece se banhando na Fontana di Trevi, no centro da capital italiana.
A Ekberg das telas é uma visão deslumbrante. A Ekberg da vida real, nem tanto. Em dezembro de 2011, Ekberg, então com 80 anos, solicitou uma ajuda financeira à Fundação Fellini. Falida, ela mal conseguia pagar o aluguel e seus últimos anos foram marcados por crescentes dificuldades econômicas.
A explicação para isso é dolorosamente simples. Lindíssima – foi eleita Miss Suécia nos anos 1950, e concorreu à coroa de Miss Universo – Ekberg sempre dependeu de sua aparência para conseguir trabalho no cinema.
Não tinha grande talento dramático e não soube capitalizar seus anos mais bem-sucedidos no mundo artístico. Além disso, ao chegar aos 83 anos, ela ultrapassou, e muito, a duração de quaisquer reservas financeiras que tivesse acumulado.
Qual a lição a tirar? Os problemas financeiros da atriz sueca vão além do simples “ela trabalhou pouco e gastou muito”. Provavelmente, se pudesse escolher, Ekberg teria optado por postar-se diante das câmeras por muitos anos mais.
No entanto, sua capacidade de trabalhar de forma remunerada encolheu ao longo do tempo até desaparecer. Ao passo que as despesas – com saúde, por exemplo – não encolheram, e só aumentaram com o passar dos anos.
O exemplo triste de Ekberg nos ensina que é preciso não apenas poupar para o futuro, mas também procurar garantir a capacidade de ganhar dinheiro, seja com o trabalho, seja com os investimentos, durante mais tempo.
Não há soluções mágicas nem uniformes. É necessário investir na capacitação, na atualização de conhecimentos e procurar atividades alternativas. O executivo pode tornar-se um consultor ou um professor, ou trabalhar de forma temporária.
O trabalhador de nível médio pode pensar em novas capacidades e mudanças de carreira. O Brasil deverá apresentar uma forte retração da oferta de mão de obra, especialmente a especializada de nível técnico, ao longo das próximas décadas. Isso permite alongar o período rentável por mais alguns anos. Será o suficiente para que o futuro seja, de fato, uma “dolce vita”.