30/09/2016 - 0:00
A ideia de que a chegada de estrangeiros “rouba” o trabalho e a renda da população local vem ganhando força entre eleitores de países como França e Estados Unidos, onde políticos conservadores adotam discursos efusivos contra a entrada de imigrantes, legais ou ilegais. O caso mais notório é o de Donald Trump, candidato à presidência americana, que defende a construção de um muro na fronteira com o México, para barrar a imigração ilegal (foto). Havia, no entanto, uma carência de dados aprofundados sobre o real impacto dessas ondas de deslocamento de pessoas de um país para o outro. No início deste mês, um grupo de 20 pesquisadores, liderados por Francine Blau, da Universidade Cornell, do Estado de Nova York, publicou um extenso estudo sobre o assunto. A conclusão é de que a imigração faz mais bem do que mal. Existem, de fato, impactos na renda e na situação fiscal. A questão é que se perde de um lado, mas se ganha de outro. Por exemplo, em um horizonte de 75 anos, a chegada de trabalhadores gera ganhos fiscais em nível federal. Nos Estados, porém, há um aumento da carga tributária, especialmente em função de custos com educação. Imigrantes com baixa escolaridade tendem a gerar um aumento de renda para os cidadãos locais que possuem diplomas universitários. Já quem não completou o ensino médio pode ver sua renda diminuir. A entrada de estrangeiros também leva a um incremento da inovação, do empreendedorismo e da adoção de novas tecnologias. “No longo prazo, as perspectivas econômicas nos EUA seriam consideravelmente menores sem a contribuição do trabalho de imigrantes”, afirma o estudo. No fim das contas, ser mais receptivo traz desafios, mas compensa.
(Nota publicada na Edição de 987 da Revista Dinheiro)