O fundo americano Texas Pacific Group (TPG) fez uma oferta de R$ 400 milhões em dinheiro para ficar com os ativos da empresa de energia Abengoa, que está em recuperação judicial. A reportagem apurou que a proposta inclui apenas as linhas de transmissão da companhia espanhola que estão em operação no Brasil. Os projetos “greenfield” (que ainda não saíram do papel) não foram incluídos. O TPG também assumiria cerca de R$ 1,4 bilhão em dívidas.

A operação envolve o fundo de infraestrutura da TPG, que captou recursos de investidores da Ásia, e tem a assessoria do banco brasileiro Modal, segundo fontes. Procurada, o TPG não retornou os pedidos de entrevista. O banco Modal não se manifestou.

Como está em recuperação judicial, a proposta será levada para aprovação em assembleia dos credores, a ser realizada nos próximos dias.

Os ativos de energia da Abengoa têm atraído nos últimos meses importantes investidores estrangeiros e nacionais. A gigante chinesa State Grid, que no ano passado comprou a CPFL, chegou a olhar o negócio, mas as conversas não foram adiante. A gestora canadense Brookfield e a Equatorial, em parceria com o BTG, também avaliaram os ativos.

Crise

O grupo espanhol, que atua no setor elétrico, entrou em recuperação judicial no Brasil em janeiro de 2016, dois meses depois de a matriz fazer o pedido na Justiça europeia. Por aqui, a medida paralisou vários projetos, entre eles a linha de transmissão que levaria energia da Hidrelétrica Belo Monte ao Nordeste.

O interesse do TPG é pelos ativos em operação. Os empreendimentos que ainda estão no papel devem ser retomados pelo governo federal para nova licitação. Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) recomendou ao Ministério de Minas e Energia que declare a caducidade de nove concessões da espanhola, que paralisou 6 mil quilômetros de obras, com investimentos estimados em R$ 7 bilhões.

A decisão da agência foi tomada um dia depois de cair uma liminar que impedia o processo de caducidade das concessões.

Alguns investidores chegaram a olhar os projetos, mas como o atraso na entrega das obras é muito grande, seria necessário um acordo com a agência reguladora para evitar possíveis punições. As negociações não foram adiante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.