13/09/2017 - 13:27
O corretor Lucio Bolonha Funaro afirmou em seu acordo de colaboração premiada que operacionalizou o pagamento de 5 milhões de francos suíços em propina para o ex-deputado Eduardo Cunha e para o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Jorge Picciani (PMDB-RJ). O valores teriam sido repassados pelo empresário Jacob Barata, conhecido como o “Rei do Ônibus” do Rio, em uma conta na Suíça operada por Funaro.
Jorge Picciani é pai do ministro do Esporte do governo de Michel Temer. Jacob Barata chegou a ser preso em um dos desdobramentos da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, mas foi solto após o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), conceder em favor dele dois habeas corpus em apenas 24 horas.
“Em 2014, o colaborador recebeu, a pedido de Eduardo Cunha, uma transferência, em sua conta no Banco Audi, no valor de cinco milhões de francos suíços. Que segundo Eduardo Cunha esses valores eram referentes a um pagamento de valores não declarados feito por Jacob Barata. Que esses valores seriam divididos entre Eduardo Cunha e Jorge Picciani, para serem usados na campanha de 2014”, diz o anexo da delação sobre o tema entregue por Funaro à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao qual o jornal O Estadode S. Paulo teve acesso. A delação de Funaro já foi homologada pelo ministro Edson Fachin, do STF.
Funaro narrou aos investigadores que não conhece Jacob Barata, mas, que como Picciani não tinha conta no exterior, a pedido de Cunha, recebeu os valores em sua conta na Suíça em nome de uma offshore chamada Tuindorp Enterprises. Os valores recebidos no exterior foram transformados em reais e, segundo Funaro, disponibilizados no Brasil. A operacionalização dos valores em espécie teria sido feita por um doleiro de nome Tony.
Ainda segundo Funaro, a parte do dinheiro destinada à Picciani teria sido retirada em seu escritório, em São Paulo, por uma pessoa chamada Milton. O delator explica que foi avisado da retirada do dinheiro pelo ex-deputado Cunha por meio de uma mensagem enviada pelo aplicativo Wickr. Como prova de corroboração, Funaro entregou à PGR os extratos de sua conta no Banco Audi, na Suíça, os documentos da offshore Tuindorp Enterprises e os registros de contatos do aplicativo Wickr.
Defesas
Em nota, o deputado Jorge Picciani afirmou que não conhece Funaro. “Como infelizmente a delação está em segredo de Justiça, não tive acesso a ela. Mas, se de fato ele disse o que o jornal relata, esse senhor mente”, afirmou por meio de nota. O texto diz ainda que o deputado nunca recebeu nada de Funaro e que não conhece as pessoas de nome Tony e Milton. “A vontade de me envolverem não pode ser maior que a verdade”, conclui a nota.