25/10/2017 - 8:30
O setor de embalagens longa- vida, que tem o Brasil como vice-líder global, atrás apenas da China, está buscando inovar para recuperar o crescimento perdido nos últimos dois anos, quando a redução do consumo afetou o desempenho das duas grandes forças do setor: a sueca TetraPak e a alemã Sig Combibloc. As companhias esperam que a queda da inflação e a redução do desemprego ajudem nas vendas em 2018, mas também estão de olho em novos vetores de crescimento, entre eles a expansão do e-commerce de alimentos.
O mercado brasileiro de embalagens longa-vida é de cerca de 15 bilhões de unidades por ano, ou 7,5% do volume global. A partir dos anos 1990, a popularização do leite longa-vida, fez com que o Brasil conquistasse uma força desproporcional no segmento, que, segundo fontes de mercado, cresce de forma tímida atualmente, na casa de 2% a 3% ao ano.
Por isso, as próprias empresas admitem a necessidade de reinvenção, tanto na busca de novas categorias para a embalagens de longa-vida, quanto no desenvolvimento de novas tecnologias. Hoje, além de fornecer embalagens, a Tetra Pak e a Sig Combibloc também fabricam equipamentos de produção e softwares de gestão para seus clientes, que são os maiores produtores de alimentos e bebidas do mundo.
A Tetra Pak, que reinou sozinha por cinco décadas no Brasil, ganhou a concorrência da Sig Combibloc. A alemã abriu uma fábrica no Paraná em 2012 e hoje já contabiliza entre 15% e 20% do mercado nacional. A Sig Combibloc concluiu, em abril, uma expansão de sua fábrica em Campo Largo (PR), ao custo de R$ 220 milhões.
Para se proteger da rival e atrair clientes, a Tetra Pak inaugurou um centro de inovação de R$ 40 milhões em sua fábrica de Monte Mor (SP), que tenta compensar a dificuldade de pequenas e médias indústrias de produzir novidades. Na unidade, os clientes têm acesso a uma fábrica que pode produzir amostras de produtos. Segundo o diretor de marketing da Tetra Pak para as Américas, Alexandre Carvalho, essa é uma das apostas da empresa para voltar a crescer após dois anos difíceis.
Além da recuperação das vendas esperada com a retomada da economia, o e-commerce de alimentos é outro vetor de expansão para as fabricantes de embalagem. Embora o setor hoje represente 2,4% do movimento das vendas pela web no País, o investimento de varejistas como Carrefour e de startups como a Home Refill pode ampliar as oportunidades no segmento.
Desafios
A agência francesa Raison Pure, que já fez trabalhos de design de embalagens para a Salton e o Carrefour no País, vê o e-commerce como um desafio ao setor. “Na gôndola, a embalagem precisa trazer informações que podem ser listadas de forma diferente na web”, diz Fernando Sommer, diretor da Raison Pure no País. “O contexto digital é diferente: a embalagem pode ser apresentada de forma mais direta e conter apenas dados essenciais.”
À medida que o consumidor pulveriza suas compras, cresce a oportunidade para Tetra Pak e Sig Combibloc oferecerem opções de rastreabilidade – desde QR Codes nas embalagens até sistemas de gestão que identificam o caminho do produto até o cliente. “Hoje já conseguimos saber exatamente em que rede de supermercados uma unidade foi vendida”, diz o presidente da Sig Combibloc, Ricardo Lança Rodriguez.
A Sig Combibloc tem uma experiência de rastreamento completo para a cooperativa gaúcha Languiru. A Tetra Pak já faz o trabalho em escala maior, com a maior cooperativa agroindustrial do País, a Aurora, que usa o sistema de gestão e rastreamento de produção da companhia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.