27/07/2004 - 7:00
Que país é este? Nada define melhor o Brasil, e seu jeito de ser, do que a música popular. São os primeiros sambas de Donga, na primeira metade do século 20, as canções de mar de Dorival Caymmi, o recolhimento da Bossa Nova de João Gilberto e Tom, a poesia de Chico Buarque e, sim, o ritmo do axé. Em 1978, Caetano Veloso compôs Love, love, love, numa referência às três únicas palavras ditas por Pelé ao se despedir do futebol, em Nova York, com a camisa do Cosmos. A letra dizia o seguinte: ?Absurdo, o Brasil pode ser um absurdo/Até aí tudo bem, nada mal/Pode ser um absurdo mas ele não é surdo/ O Brasil tem ouvido musical/Que não é normal, meu amor?.
É essa nação construída em bemóis e sustenidos, de ouvido anormal, que salta da caixa com 12 CDs, num total de 144 faixas e 500 minutos, oferecido pela Editora Três aos novos assinantes das revistas DINHEIRO, ISTOÉ e GENTE. O pacote reúne músicas compostas e interpretadas por Vinícius de Moraes e Toquinho, Elis Regina e Chico Buarque.
?Tentamos reunir as canções de maior sucesso e as que melhor definem esses nomes, gigantes da MPB?, diz Adriana Costa Lucas, supervisora de marketing estratégico da gravadora Universal, parceira na promoção e detentora dos direitos do quarteto. Há, na coletânea, composições dos primeiros tempos, nos anos 60, quando a MPB explodiu definitivamente, até exemplos mais recentes. Não foi, naturalmente, escolha fácil. Despontam, na coleção, jóias como Carinhoso e Saudosa Maloca, na voz de Elis, Construção e Pedaço de Mim, de Chico Buarque, e Regra Três, por Vinícius e Toquinho. A Editora Três investiu R$ 5 milhões no projeto. ?É uma iniciativa cultural inédita?, diz Edgardo Abel Zabala, diretor de assinaturas da Editora Três. Essa mesma embalagem de luxo, numa loja de CDs, não sai por menos de R$ 300.