16/07/2019 - 14:02
O texto acima foi atualizado para corrigir a informação sobre a causa da morte da família. Diferentemente do publicado na versão original, vazamento de gás não pode ser considerado o responsável pelos óbitos. A provável causa foi a intoxicação provocada pela inalação de monóxido de carbono.
Quatro pessoas da mesma família foram achadas mortas no domingo, 14, em um apartamento em Santo André, no ABC paulista. A principal suspeita é de que as mortes tenham ocorrido por intoxicação após a inalação de monóxido de carbono. Segundo a polícia, a taxa do gás medida no local foi mais de 20 vezes o nível tolerado pela saúde.
Os corpos foram encontrados pela irmã de uma das vítimas, que morava no mesmo prédio e estranhou a falta de notícias dos parentes desde que ele chegaram de uma viagem à Disney, na noite de sexta-feira. Segundo informações da Polícia Militar, a corporação foi acionada às 12h20 para uma ocorrência de morte suspeita na Rua Haddock Lobo, na Vila Bastos. As vítimas não tinham sinal de violência.
A arquiteta Kátia Utima, de 47 anos, foi encontrada morta debaixo do chuveiro ainda ligado. O exaustor também queimava gás, segundo o depoimento do cunhado do casal, Cláudio, à polícia. A menina Bárbara, de 14 anos, estava no andar de cima da beliche, ainda com o cobertor intacto. O empresário Roberto, de 46 anos, estava abraçado ao filho Enzo, de 3, na cama de baixo da beliche. As malas não haviam sido desfeitas.
A polícia desconfia que a mãe teria sido a última a tomar banho, após a família chegar de viagem, pois a filha mais velha já tinha ido dormir – e o pai ninava o mais novo. Com as janelas fechadas e o gás produzido durante todo esse tempo, teriam morrido todos ao mesmo tempo. “Não foi encontrada nenhuma chaminé de exaustão”, diz o delegado Roberto Von Haydin, do 1º DP de Santo André.
Em junho, antes de viajar, as quatro vítimas já haviam sido atendidas por um médico com crises de vômito e outros sinais de intoxicação. Na época, porém, foram diagnosticadas com sinusite e desidratação. Na mesma semana, uma calopsita de estimação da família morreu.
O síndico do prédio disse à polícia que um técnico da Comgás foi chamado ao local, logo após os corpos terem sido encontrados. Ele informou que o equipamento de exaustão estava instalado de forma irregular.
Segundo Haydin, a polícia testou o equipamento, e encontrou os níveis intoleráveis. Tanto o perito quanto o médico-legista citam intoxicação e asfixia como causa provável da morte da família. “Nós vamos investigar quem tirou (a chaminé). Mas pode ter sido a própria vítima”, disse o delegado.
Outros casos
No dia 22 de maio deste ano, os corpos de seis turistas brasileiros foram encontrados em um apartamento alugado, em Santiago, capital do Chile. Eles morreram por intoxicação por monóxido de carbono. Esse produto tóxico resultou da queima do gás usado no aquecimento do chuveiro e na calefação local.
Em 9 de junho, um empresário de 57 anos e a filha de 9 foram encontrados mortos no apartamento em que ele morava, em Campos de Jordão (SP). Ele teriam sido vítimas da inalação do gás que vazou de um aquecedor.
Já na terça da semana passada um casal e uma criança de dois anos foram encontrados mortos em uma casa em Guarulhos, também na Grande São Paulo, ao lado de uma churrasqueira. A polícia acredita que o casal tenha usado o equipamento para se aquecer. E houve intoxicação.
Para entender
Os vazamentos domésticos de gás costumam causar mais casos de asfixia do que incêndios. O GLP é feito de butano e propano, que são até tolerados pelo organismo em pequenas quantidades, mas que inalados por um tempo maior podem promover desde uma intoxicação até a morte, em situações extremas.
Outro agravante é que o GLP, uma vez queimado, especialmente nos aquecedores domésticos, produz monóxido de carbono, gás que não emite odor, mas que uma vez inalado também pode ser fatal. Daí a recomendação de nunca instalar aquecedores em banheiros. De preferência, eles devem ficar nas áreas de serviço dos prédios, com maior circulação de ar.