16/01/2020 - 18:16
Os sindicatos franceses que se opõem à controversa reforma previdenciária do presidente Emmanuel Macron voltaram às ruas nesta quinta-feira (16), após seis semanas de manifestações e uma greve nos transportes que perde força.
Cerca de 187 mil pessoas se manifestaram de forma pacífica em todo o país, segundo números divulgados pelo ministério do Interior. Essa cifra é bem menor do que os 452 mil manifestantes que saíram às ruas no último 9 de janeiro.
Em Paris, o principal sindicato à frente da mobilização, o CGT, informou que 250 mil pessoas teriam ido às ruas, enquanto o número oficial dado pelas autoridades foi de 23 mil manifestantes.
Apesar da baixa participação, os que protestavam pareciam estar determinados. Após seis semanas de mobilização, “apesar do cansaço, as pessoas seguem muito focadas”, disse a manifestante Elisabeth, de 50 anos, à AFP.
Em Lille, um grupo de médicos e enfermeiros atiraram seus uniformes brancos e azuis em frente a um escritório de seguro médico do Estado. “Não entendemos porque o governo está atacando nosso sistema, que funciona bem”, disse a ortofonista Juliette Grzeszak.
Projeto estelar da presidência de Macron, a reforma previdenciária prevê unificar os 42 regimes atuais e estabelecer um novo sistema de cálculo, por pontos, adiando a idade de aposentadoria integral para 64 anos.
Diante da oposição sindical, o governo retirou provisoriamente esse segundo ponto, mas exige em troca que as organizações sindicais e de empregadores encontrem soluções alternativas para garantir o equilíbrio do sistema de pensões.
– Melhoria no setor de transportes –
Nessa nova manifestação a CFDT, que havia aceitado retomar as negociações com o governo depois que o Estado cedeu temporariamente a uma parte sensível do texto apresentado.
O movimento ainda conta, porém, com amplo apoio popular. De acordo com uma pesquisa divulgada na quarta-feira, 47% dos franceses continuam a apoiar as ruas.
Nos transportes públicos, ponta de lança da mobilização por mais de 40 dias, o tráfego continua a melhorar.
Nos trens de alta velocidade que ligam as principais cidades da França, o tráfego era quase normal. No metrô de Paris, há uma clara melhoria, embora várias linhas ainda estejam funcionando parcialmente, e algumas estações continuem fechadas.
“No início da greve, foi um inferno. Por vários dias não havia um único trem. Mas a situação está melhorando”, disse Julien Diep, de 30 anos.
Vários portos marítimos, incluindo o de Marselha e o de Le Havre, os dois principais da França, estão bloqueados desde terça-feira por grevistas que rejeitam a reforma previdenciária.
“É dramático! Já fazia muito tempo que não tínhamos tantas greves. Em dezembro, tivemos 25% menos paradas, e a tendência para janeiro é de 40% menos”, declarou à AFP a presidente do grupo de armadores e agentes marítimos de Le Havre, Véronique Lépine.
Quatro das sete refinarias do país estão tendo problemas de envio, informou o ministério de Transição Ecológica e Solidária.
Alguns pais também encontraram escolas fechadas, com 6,6% dos professores em greve no ensino fundamental, e 6,83%, no ensino médio, segundo o Ministério da Educação, ante 18,81% e 16,49%, respectivamente, na quinta-feira passada.
Enquanto isso, a reforma continua sua trajetória e será apresentada ao Conselho de Ministros em 24 de janeiro, antes de iniciar sua discussão parlamentar em 17 de fevereiro, com vistas à sua aprovação antes do verão.