16/09/2020 - 6:40
Yoshihide Suga, eleito nesta quarta-feira (16) pelo Parlamento como primeiro-ministro do Japão, é um filho de agricultor considerado impenetrável, mas encarna a experiência, o pragmatismo e a continuidade política para suceder Shinzo Abe, de quem era um fiel conselheiro.
Desde o anúncio no fim de agosto da renúncia de Abe por razões de saúde, Suga, um político veterano de 71 anos, recebeu o apoio da maior parte das principais alas do Partido Liberal Democrata (PLD).
Suga tinha o perfil ideal para obter o consenso no partido: “Ele sempre foi uma espécie de solitário silencioso dentro do PLD, capaz de fica bem com quase todos, sem demonstrar uma ambição pessoal ou convicções políticas fortes”, explica Yongwook Ryu, professor auxiliar da Lee Kuan Yew School of Public Policy de Singapura, especialista nos países do leste da Ásia.
Suga trabalhou ao lado e foi um conselheiro fiel do primeiro-ministro durante anos. Teve um papel decisivo no retorno de Abe ao poder em 2012, após o fracasso de seu primeiro mandato como chefe de Governo em 2006-2007.
Abe o recompensou com a nomeação ao posto estratégico de secretário-geral do governo.
Suga assumiu o papel de coordenador de políticas entre os ministérios e as várias agências estatais, o que rendeu a reputação de bom estrategista.
– Trabalhos ocasionais –
Yoshihide Suga defendeu medidas para facilitar o trabalho dos estrangeiros no Japão, um país que precisa de mão de obra. Também promoveu um sistema de crédito fiscal para apoiar as regiões rurais, assim como a redução de tarifas das operadoras de telefonia móvel.
Enquanto atuava como porta-voz do governo, Suga se tornou o rosto da administração Abe, mas sem falar muito.
Sua origem rural, que sempre menciona nos discursos, é uma exceção dentro do PLD, dominado por herdeiros de grandes famílias políticas.
Filho de um agricultor de morangos e de uma professora da região de Akita (norte), Suga financiou seus estudos em Tóquio com trabalhos ocasionais, em uma fábrica de papelão ou em um mercado de peixes da capital, de acordo com o seu site oficial.
Estudou Direito e entrou para a política, primeiro como assistente parlamentar de um político de Yokohama. Aos 28 anos foi eleito membro do conselho municipal desta cidade, próxima de Tóquio. Em 1996 conquistou uma cadeira como deputado por Yokohama, vaga que ainda ocupa.
– Sobriedade –
Suga, casado e pai de três filhos, mantém a discrição sobre sua vida privada. A imprensa japonesa afirma que gosta de pescar e fazer caminhadas e que não bebe álcool.
Sua imagem pública ganhou força no ano passado quando anunciou o nome da nova era imperial do Japão para todo o país. Desde então é chamado por muitas pessoas de “tio Reiwa”.
Os desafios que o aguardam são imensos, da gestão da epidemia de coronavírus até a recuperação econômica do país, que entrou em uma profunda recessão, passando pelas relações diplomáticas frequentemente tortuosas do Japão com a China e a Coreia do Sul.