Vários países europeus retomaram nesta sexta-feira (19) a aplicação da vacina da vacina de AstraZeneca, enquanto a França voltou a confinar um terço de sua população, e a Alemanha registrou um aumento “exponencial” dos casos de covid-19.

O governo francês anunciou ontem (18) o terceiro confinamento em um ano, mais flexível que os anteriores, para frear a “terceira onda” no país, que se aproxima da marca de 100.000 mortos.

Mais de 20 milhões de franceses permanecerão confinados durante um mês a partir desta sexta-feira. Escolas e estabelecimentos comerciais essenciais (incluindo livrarias) permanecerão abertos.

Os contágios se aceleram na França, que registrou mais de 38.000 casos em 24 horas.

A Alemanha registra um aumento “claramente exponencial” dos contágios por coronavírus, vinculado especialmente à variante britânica, afirmou o vice-presidente do instituto de vigilância epidemiológica Robert Koch (RKI), Lars Schaade.

As autoridades de saúde temem para as próximas semanas “um número muito elevado de contágios, muitos casos graves e mortes, e hospitais saturados”, explicou.

Para combater o vírus, Alemanha e França, assim como Itália, Bulgária e Eslovênia, retomam nesta sexta-feira a vacinação com o fármaco da AstraZeneca. As autoridades de saúde francesas recomendaram reservar o produto para pessoas a partir de 55 anos.

A medida é baseada no fato de que os poucos casos graves de trombose detectados na Europa após a vacinação com o produto aconteceram em pessoas com menos de 55 anos.

Outros países, como Espanha, Portugal e Holanda, retomarão o uso da AstraZeneca na próxima semana.

Quinze países suspenderam a administração do fármaco da AstraZeneca pelo temor de efeitos colaterais como a formação de coágulos.

A Dinamarca anunciou hoje, como já haviam feito os vizinhos Noruega e Suécia, que vai aguardar para retomar a vacinação.

As autoridades de saúde destes países investigam dez casos, incluindo uma vítima fatal, de coágulos ou sintomas de coágulos após a vacinação, de entre mais de 140.000 pessoas que receberam a primeira dose.

A Noruega, onde foram aplicadas 120.000 doses, informou seis casos de efeitos colaterais graves, dois deles fatais.

– “Segura e eficaz” –

Na quinta-feira, no entanto, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) respaldou o uso da vacina da AstraZeneca.

“O comitê chegou a uma conclusão científica clara: é uma vacina segura e eficaz”, disse a diretora-executiva da EMA, Emer Cooke.

Também é aguardado um pronunciamento nesta sexta-feira do comitê consultivo mundial de segurança das vacinas (GACVS), da Organização Mundial da Saúde (OMS), sobre o produto da AstraZeneca.

A Rússia informou ter fechado um acordo com a Índia para a produção de pelo menos 200 milhões de doses da vacina Sputnik V, que já foi autorizada em 52 países.

Nos Estados Unidos, o ritmo de vacinação registrou uma aceleração espetacular nas últimas semanas, com a média de 2,4 milhões de doses aplicadas por dia.

O presidente Joe Biden anunciou que o país alcançará nesta sexta-feira – com mais de um mês de antecedência – a meta de aplicar 100 milhões de doses nos primeiros 100 dias de seu mandato.

Do outro lado do Atlântico, o Reino Unido anunciou uma redução do abastecimento de vacinas em abril, o que pode frear a campanha de vacinação, uma das mais avançadas do mundo.

De acordo com a imprensa, o problema é provocado pelo atraso na entrega de cinco milhões de doses produzidas na Índia pelo Serum Institute para a AstraZeneca.

A Comissão Europeia anunciou que ativará um procedimento contratual para resolver o conflito com a AstraZeneca, cujas entregas são consideravelmente inferiores às previstas.

– 402 milhões de doses –

Apesar dos problemas, a vacinação avança, e 402,3 milhões de doses foram aplicadas no mundo, quase 25% delas nos Estados Unidos, segundo um balanço da AFP.

Na América Latina, o México anunciou que receberá lotes de vacinas dos Estados Unidos.

A Casa Branca confirmou os dados: 2,5 milhões de doses para o México, e 1,5 milhão, para o Canadá. Os prazos de entrega não foram divulgados.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, admitiu um atraso na chegada das vacinas e pediu o aumento dos cuidados.

Com 45 milhões de habitantes, a Argentina registra mais de dois milhões de casos e mais de 54.000 mortes por covid-19. O governo assinou contratos para a compra de 65 milhões de vacinas, disse o presidente.

O Chile impôs um novo confinamento estrito do país a partir de quinta-feira, enquanto as vacinas chegaram inclusive na base chilena na Antártica. Lá, 50 pessoas receberam a primeira dose.

E, em Honduras, o governo se declarou em alerta ante a possível entrada irregular de supostas vacinas russas contra a covid-19, após a apreensão no México de uma suposta carga destinada ao país centro-americano.

A pandemia matou pelo menos 2,69 milhões de pessoas em todo mundo, segundo o balanço da AFP, com mais de 121 milhões de contágios desde o início da pandemia.

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