31/03/2021 - 13:02
Espécies invasoras, como mosquitos, roedores e até gatos domésticos, custam caro para a humanidade: cerca de US$ 26,8 bilhões anuais – revela estudo publicado nesta quarta-feira (31),que adverte que esse montante continuará aumentando.
Essas espécies “exóticas” que o homem tirou, voluntariamente ou não, de seus ecossistemas originais criam problemas em seus novos hábitats e enfrentá-los custou pelo menos US$ 1,28 trilhão desde 1970, de acordo com este relatório publicado na revista Nature, o qual analisou milhares de dados incluídos na base pública InvaCost.
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Plantas, insetos, aves, peixes, moluscos, microrganismos, mamíferos… O homem enfrenta essas espécies invasoras, lutando contra sua proliferação, mas, sobretudo, contra os danos que causam nas superfícies terrestre e marítima.
Essas degradações afetam todos os ecossistemas: dos bosques americanos atacados pelo longicórnio asiático até a agricultura australiana, pressionada pelo coelho. Sem esquecer as infraestruturas ameaçadas por cupins, os dutos obstruídos pelo mexilhão-zebra e até a desvalorização imobiliária no Havaí devido ao sapo coqui, cujo canto pode chegar a 100 decibéis.
Segundo os dados da InvaCost, incompletos, entre as espécies que dão mais prejuízo estão os ratos, o lagarto peludo, – um lepidóptero nativo da Ásia que ataca árvores em todo hemisfério norte -, as formigas de fogo e, sobretudo, todos os mosquitos, devido ao tratamento médico exigido pelas doenças transmitidas por estes insetos.
O mosquito tigre originário do Sudeste Asiático, por exemplo, é uma das piores espécies invasoras do mundo, tendo se espalhado principalmente pela Europa, levando chikungunya, dengue e zika.
Além do custo “fenomenal”, “é preocupante seu crescimento constante, com uma média anual que dobra a cada seis anos e triplica a cada década”, afirma o principal autor do estudo, Christophe Diagne, do laboratório francês Ecologie, Systématique et Evolution.
– Aumento exponencial –
Esta alta que se deve, em parte, a “um aumento exponencial de espécies invasoras”, explica o diretor do laboratório, Franck Courchamp.
As espécies exóticas invasoras estão entre as cinco principais causas de destruição da natureza, conforme relatório de 2019 dos especialistas da ONU em biodiversidade (IPBES), o que indica um aumento de 70% em seu número desde 1970 nos 21 países examinados.
“O comércio internacional fará que cada vez mais espécies sejam introduzidas, e a mudança climática estas espécies se estabelecerem cada vez mais” nos territórios, acrescenta Courchamp.
Os autores do estudo defendem medidas preventivas para limitar seus danos e custos. Entre elas, está a detecção precoce.
Enquanto isso, pedem que se complete a base de dados InvaCost, com as invasões mais recentes, como a lagarta-do-cartucho, do continente americano, que arrasou plantações africanas antes de se instalar na Ásia e na Austrália.
“É provável que essa espécie seja mais custosa do que as dez que classificamos”, completa Courchamp.
Entre as já citadas, aparece o gato doméstico, que “acompanhou os navegadores, quando exploravam o planeta”.
Embora se trate de um caso “particular”, o gato não deixa de ser um “invasor em quase todas as ilhas do mundo”, segundo Courchamp, que o descreve como um temível predador de aves e répteis.