28/04/2021 - 14:12
Diante da insuficiência respiratória causada pelo coronavírus, filas de pacientes angustiados estão crescendo na Índia e em outros países em desenvolvimento para tentar obter oxigênio medicinal, que está longe de ser suficientemente disponível em escala industrial em qualquer parte do mundo.
1 – Por que as filas para cilindros de oxigênio são vistas principalmente em países em desenvolvimento? –
Falta de oxigênio na República Democrática do Congo, filas em frente a hospitais na Venezuela, especulação de preços no Peru, mercado negro no Brasil. Durante semanas, jornalistas da AFP relataram que o oxigênio é escasso em muitos dos chamados países de “baixa e média renda”, especialmente na América Latina, na África e na Índia.
Embora vital para o tratamento eficaz de pacientes com covid-19, o acesso ao oxigênio, relativamente fácil na Europa e na América do Norte, é limitado devido ao custo, infraestrutura deficiente e barreiras logísticas, explica a Unitaid, organização internacional patrocinada pela OMS que se encarrega de centralizar a aquisição do tratamento.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, um em cada cinco pacientes com covid-19 precisará de oxigênio.
2 – Quais são as necessidades desses países em face da pandemia?
Em fevereiro, a OMS estimou que mais de meio milhão de pessoas nesses países precisavam de 1,2 milhão de cilindros de oxigênio por dia.
A Unitaid estima suas necessidades em 1,6 bilhão de dólares para a compra de cilindros para os países mais pobres: “uma emergência global que requer uma resposta global”.
De acordo com a organização, vários países, incluindo Malaui, Nigéria e Afeganistão, terão que enfrentar grandes desafios.
3 – Como é fabricado o oxigênio medicinal?
Existem dois tipos principais de produção de oxigênio:
O oxigênio medicinal pode ser obtido pela separação dos gases contidos no ar. Este é composto por 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 1% de vários gases, como argônio, dióxido de carbono e hélio, entre outros, disse à AFP Régis d’Hérouville, diretor geral da Air Liquide Santé France.
O O2 (oxigênio) é isolado do ar após os estágios de compressão, filtração e purificação. Concentrado em mais de 99,5%, se torna um medicamento.
É transportado liquefeito em grandes recipientes ou tanques com paredes isolantes, o que permite manter sua temperatura abaixo de -182°C ou na forma gasosa em garrafas de menor volume.
“A oferta de oxigênio líquido é o que permite atender as mais importantes necessidades e variações de demanda. Um litro de oxigênio líquido equivale a cerca de 800 litros de oxigênio gasoso. O oxigênio também pode ser fornecido em cilindros pressurizados para permitir a mobilidade do paciente. Neste caso, um litro de oxigênio gasoso a 200 bar corresponde a 200 litros de oxigênio gasoso que pode ser usado diretamente por um paciente”, explica Hérouville.
Já o oxigênio produzido por concentrador é concentrado em 93% no geral. São equipamentos elétricos portáteis que extraem e purificam o oxigênio do ar ambiente em tempo real, ou unidades de produção maiores que podem abastecer ambientes maiores, como hospitais.
“Na ausência de infraestruturas para a produção de oxigênio líquido, os concentradores são úteis. Mas estão dimensionados para uma necessidade específica, o que torna difícil sua resposta a um aumento repentino e rápido do consumo de oxigênio multiplicado por cinco ou seis, como vimos em alguns hospitais franceses durante a crise da covid-19. Além disso, eles consomem muita energia e têm um alto custo de manutenção”, diz Hérouville.
4 – Quem são os principais produtores?
Fora da China, os três principais fornecedores globais de oxigênio medicinal são: a alemã Linde, aliada do grupo norte-americano Praxair, a francesa Air Liquide e a americana Air Products.
Todavia, o oxigênio medicinal é produzido principalmente por muitos atores locais e regionais, pois um de seus principais problemas é a dificuldade de transporte em longas distâncias.
Por esse motivo, está mais disponível nos países industrializados. As unidades de produção foram construídas para abastecer outros setores que não a saúde, como a siderurgia e a química.
5 – Oxigênio para a Índia
Na Índia, aviões de carga da Força Aérea começaram a entregar grandes tanques de oxigênio na semana passada, onde era necessário. Em 22 de abril, um primeiro trem “Expresso de Oxigênio” foi colocado em serviço.
O Ministério da Defesa indiano também anunciou a importação de 23 unidades móveis de produção de oxigênio da Alemanha.
A França enviou oito unidades de produção de oxigênio e recipientes de oxigênio liquefeito para abastecer até 10.000 pacientes em um dia.
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