03/12/2021 - 12:32
Abandonar o projeto de adesão da Ucrânia à Otan, que a aliança propôs ao país em 2008, “não é uma opção”, disse o ministro das Relações Exteriores Dmytro Kuleba à AFP, rejeitando qualquer “garantia de segurança” reivindicada pela Rússia.
Kiev também pede aos Estados Unidos, e ao resto dos aliados da Otan, que rejeitem as exigências feitas por Moscou para acalmar a tensão atual na fronteira com a Ucrânia, disse Kuleba à AFP no âmbito da reunião da Organização para a Segurança e Cooperação em Europa (OSCE) em Estocolmo, Suécia.
“Rejeito a ideia de que devemos garantir algo à Rússia. Insisto, é a Rússia que deve garantir que não continuará com seus ataques a outros países”, disse ele.
Kuleba destacou que a integração na Otan está presente na Constituição ucraniana, assim como a entrada na União Europeia (UE).
Além disso, “é totalmente impróprio que a Rússia queira influenciar as decisões de outro país soberano, como a Ucrânia, e de uma organização internacional como a Otan”, declarou o ministro.
Kiev e Washington acusam Moscou de ter concentrado dezenas de milhares de soldados na fronteira com a Ucrânia e de realizar os preparativos para uma invasão.
Durante sua reunião na quinta-feira em Estocolmo (Suécia), o chefe da diplomacia russa, Sergey Lavrov, exigiu de seu homólogo americano, Antony Blinken, “garantias de segurança” nas fronteiras russas.
Moscou pede que a progressão da Otan para o leste seja congelada, depois que muitos países europeus da região aderiram à aliança após a dissolução da União Soviética. Dmytro Kuleba pediu a seus aliados ocidentais que não concluíssem nenhum acordo a esse respeito com Moscou, pois Kiev jamais os reconheceria.
“Temos uma regra de ouro na política externa ucraniana: nenhuma decisão sobre a Ucrânia sem a Ucrânia. Se alguém, mesmo nossos aliados mais próximos, tomasse uma decisão sobre a Ucrânia pelas nossas costas, não a reconheceríamos”, explicou o chanceler ucraniano.
O ministro ucraniano acredita que seu país vai “um dia” aderir à Otan, assim como à União Europeia, ainda que o Kremlin considere isso uma linha vermelha.
“Não estabelecemos um calendário. Tal como a Otan e a UE. Mas politicamente, historicamente, economicamente e militarmente pertencemos à Europa e é o sentido da história”, detalhou.
A Finlândia, que também não faz parte da Otan, embora tenha uma “opção” de entrada rápida, rejeitou a interferência russa sobre a expansão da aliança para o leste.