17/01/2022 - 14:38
Uma investigação de um ex-agente do FBI sobre o mistério não resolvido de quem traiu Anne Frank e permitiu que os nazistas encontrassem seu esconderijo apontou um tabelião judeu como o principal suspeito, revelou um livro que será lançado nesta terça-feira (18).
Arnold van den Bergh poderia ter revelado o esconderijo de Anne Frank em Amsterdã para salvar sua própria família, segundo uma investigação que durou seis anos e é contada na obra “The Betrayal of Anne Frank” (“A Traição de Anne Frank”), da autora canadense Rosemary Sullivan.
As acusações contra Van den Bergh, que morreu de câncer em 1950, são baseadas em evidências, incluindo uma carta anônima enviada ao pai de Anne, Otto Frank, após a Segunda Guerra Mundial, segundo trechos publicados pela imprensa holandesa nesta segunda-feira.
O Museu de Anne Frank informou à AFP que a investigação, liderada pelo agente aposentado do FBI Vincent Pankoke, é uma “hipótese fascinante”, mas alertou que são necessárias mais investigações.
A adolescente de 15 anos foi presa em 1944 e morreu no ano seguinte no campo de concentração de Bergen-Belsen. Sua história ficou famosa após a publicação póstuma de seu diário escrito entre 1942 e 1944, quando ela e sua família estavam clandestinos em um apartamento em Amsterdã, que já vendeu mais de 30 milhões de cópias.
As teorias sobre como os nazistas chegaram ao esconderijo que a família Frank ocupou por dois anos, até serem descobertos em 4 de agosto de 1944, são abundantes, mas o nome de Van den Bergh não recebeu muita atenção.
As teorias sobre como os nazistas chegaram ao esconderijo que a família Frank ocupou por dois anos, até serem descobertos em 4 de agosto de 1944, são abundantes, mas o nome de Van den Bergh não havia recebido muita atenção.
– “Não temos uma arma fumegante” –
Esta nova investigação foi realizada usando técnicas modernas, incluindo inteligência artificial para analisar grandes quantidades de dados.
Assim, a lista de suspeitos foi reduzida a quatro pessoas, incluindo Van den Bergh, que foi membro fundador do Conselho Judaico, uma organização que os nazistas impuseram aos judeus para organizar deportações.
Os investigadores descobriram que Van den Bergh conseguiu evitar a deportação, mas que essa ordem foi revogada perto da traição que permitiu aos nazistas encontrar a família Frank.
“Não temos uma arma fumegante, mas temos uma arma quente com cápsulas vazias ao redor”, disse Pankoke à emissora holandesa NOS.
“Isso estava congelado”, declarou Pankoke, que já havia investigado os cartéis de drogas colombianos, na transmissão ’60 Minutes’ da rede americana CBS.
Por sua vez, Ronald Leopold, diretor da Casa de Anne Frank, alertou que ainda há dúvidas sobre a nota anônima mencionada e que é necessário investigar mais.
“Temos que ter muito cuidado ao colocar alguém na história como a pessoa que traiu Anne Frank, se você não tem 100 ou 200% de certeza disso”, disse ele à AFP.