10/02/2022 - 14:16
Por Richa Naidu e Ross Kerber
LONDRES/BOSTON (Reuters) – O conselho da Ben & Jerry’s pretende elaborar um novo arranjo para vendas em Israel , disse o presidente-executivo da Unilever nesta quinta-feira, após a marca de sorvetes se comprometer no ano passado a interromper vendas em territórios palestinos ocupados por Israel.
“Nosso foco absoluto agora é descobrir qual será o novo acordo para a Ben & Jerry’s”, disse Alan Jope em teleconferência com jornalistas depois que a empresa anunciou resultados.
Jope não criticou diretamente o limite de vendas, mas disse: “Em assuntos em que as marcas da Unilever não têm expertise ou credibilidade, achamos melhor que fiquem fora do debate”.
“Ben & Jerry’s é uma grande marca – na maioria das vezes eles acertam – eles têm um ótimo histórico de campanhas sobre questões importantes que são relevantes para seus consumidores”, acrescentou Jope.
Falando antes de Jope, Kevin Dreyer, gerente de portfólio da Gabelli Funds, cuja controladora possui cerca de 225 mil ações da Unilever, disse que embora muitos consumidores gostem de seus produtos com rótulo verde, algum ativismo político das marcas da Unilever pode alienar alguns clientes.
Jope dissera antes que o conselho da Ben & Jerry’s agiu de forma independente e que a Unilever não apoia os esforços para isolar Israel, onde emprega cerca de 2 mil pessoas. A Ben & Jerry’s havia dito que continuaria a vender sorvete em Israel “por meio de um arranjo diferente”.
A Ben & Jerry’s responde por cerca de 3% do mercado mundial de sorvetes. As vendas da marca cresceram 9% em 2021, disse a Unilever, superando o crescimento geral das vendas subjacentes de 4,5%. A empresa não deu mais detalhes sobre as vendas. “Eu definitivamente não faria uma conexão entre essas declarações (da Ben & Jerry’s) e seu crescimento de vendas”, disse Jope. “O crescimento que estamos vendo na Ben & Jerry’s é impulsionado muito mais por seu programa de inovação”.
A Ben & Jerry’s disse em julho que suspenderia vendas nos territórios palestinos ocupados por israelenses, o que provocou algumas reações negativas, incluindo desinvestimentos de fundos de pensão dos Estados Unidos.