Em boa parte da sessão mostrando avanço superior ao das referências de Nova York, o Ibovespa permaneceu nesta penúltima sessão da semana nos maiores níveis desde o começo de setembro, rompendo a marca dos 119 mil pontos na máxima do dia, nível recuperado também no fechamento. Ao fim, efetivou a quinta renovação consecutiva de máxima de fechamento do ano e estendeu a série positiva pela sétima sessão, igualando a sequência entre 8 e 16 de fevereiro – com ganhos bem mais intensos na atual, em avanço de pouco mais de 10 mil pontos, frente a 3,1 mil pontos no intervalo observado no mês passado.

Nesta quinta-feira, encerrou o dia em alta de 1,36%, a 119.052,91 pontos, tendo chegado a mostrar avanço mais comportado após o meio da tarde. Em Nova York, os ganhos chegaram a 1,93% (Nasdaq) no fechamento. Na B3, o giro financeiro foi semelhante ao da quarta-feira, agora a R$ 33,0 bilhões, e na semana o Ibovespa acumula alta de 3,25% – no mês, sobe 5,22% e, no ano, 13,58%.

O nível de encerramento desta quinta-feira foi o maior desde 1º de setembro, então aos 119.395,60 pontos. No intradia, teve a maior marca desde 2 de setembro (119.396,59), nesta quinta a 119.256,41, com mínima a 117.150,79 e abertura aos 117.460,30 pontos.

Assim como na quarta-feira, as ações de varejo e consumo tiveram dia positivo, com Magazine Luiza (+10,00%) na ponta do Ibovespa, logo atrás de Banco Inter (+10,12%), e à frente de Méliuz (+9,05%) e CCR (+7,48%). Destaque também para Americanas ON (+6,03%), Positivo (+6,97%), MRV (+6,93%) e Multiplan (+6,17%). No lado oposto do Ibovespa, Locaweb (-7,05%), Hapvida (-5,09%) e PetroRio (-4,50%).

“Há um movimento comprador em varejo muito importante, em correção nos últimos dias após fortes quedas. É um setor que havia sido penalizado pela alta de juros e por um momento em que os dados econômicos não se mostram tão fortes. E há também, dentro dele, uma parte com alguma exposição a câmbio, especialmente o varejo de bens duráveis e o que envolve importações, e também serviços, como os de viagens e turismo”, observa Stefany Oliveira, chefe de análise de trading na Toro Investimentos.

Entre as blue chips, o dia foi de ganhos bens distribuídos pelos setores de maior peso no índice, com Petrobras (ON 1,72%, PN +1,15%), Vale (ON +0,54%) e os grandes bancos (à exceção de Santander, -0,86%) em sentido único, assim como as siderúrgicas (Gerdau Metalúrgica +3,49%, Gerdau PN +3,00%, CSN ON +1,79%).

O fluxo externo, que aprecia o câmbio e impulsiona o Ibovespa, decorre da explosão de commodities como o petróleo, que nivela as ações de Petrobras ao desempenho do índice no ano, bem como do minério de ferro, com preços em recente recuperação na China, que aproxima de 30% o avanço acumulado por Vale ON em 2022. A falta de resolução para o conflito iniciado em 24 de fevereiro no Leste Europeu mantém a pressão, especialmente sobre o barril do petróleo, em correção moderada nesta quinta-feira, com o Brent ainda perto de US$ 120. Na B3, até o dia 22 de março, o fluxo de ingresso de capital externo chega a R$ 83,593 bilhões.

“O presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicou que espera arrefecimento da inflação em abril e, caso isso realmente se confirme, com os juros no patamar em que já se encontram no Brasil, deve atrair ainda mais fluxo”, diz Bernard Faust, operador da mesa de renda variável da One Investimentos. “Há conjuntura favorável a Brasil: um conflito bélico que impacta diretamente os preços de commodities agrícolas, metálicas e de energia, como o petróleo, causando distorções no comércio, com assimetria entre oferta, restrita, e demanda; o prosseguimento da rotação das ações de crescimento para as de valor; e a posição do país como emergente com grande exposição a commodities, que nos torna opção no momento em que a Rússia deixa de ser”, acrescenta.

Nesta quinta, em dólar, considerando a mínima da sessão para a moeda americana, a R$ 4,7650, e a máxima do Ibovespa, a 119.256,41 pontos, uma como a outra respectivamente as melhores marcas para o real e o índice de ações no ano, a referência da B3 foi a 25.027,57 pontos, comparados a 21.945,02 no encerramento de fevereiro e a 21.135,62 pontos no de janeiro. No encerramento de 2021, com o índice nominal muito depreciado, o Ibovespa na moeda americana estava em 18.799,19 pontos, ante 22.937,77 no fim de 2020. No fechamento desta quinta, foi a 24.638,43 pontos, com o dólar à vista a R$ 4,8320 no encerramento.